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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

22 jun

Braga usa inexperiência de Rogério Cruz para prometer o que não pode entregar

Para disputar a reeleição em 2024, o prefeito Rogério Cruz, como qualquer candidato, necessita da ajuda de um marqueteiro. Tenha ou não grandes chances, não pode abrir mão de um. E parece, por antecipação, estar decidido: escolheu Jorcelino Braga, o mesmo da campanha vitoriosa de Maguito Vilela, levando Cruz de vice, em 2020.

Nada demais. Alguém teria mesmo que assumir essa missão. O prefeito agiu sob pressão da incerteza em torno das suas possibilidades de ser reconduzido ao cargo. Já fez de tudo, sem resultado. Sua falta de experiência no campo do exercício articulado do poder e da comunicação estratégica é notória. É ingênuo. A prefeitura de Rogério, na prática, é um vaivém interminável, quando até os canteiros mal cuidados em volta do Paço Municipal sabem que melhor é ter um rumo errado em vez de não ter nenhum. No caso da comunicação, toda vez que há uma mudança, ocorre também uma reinicialização e volta-se à estaca zero.

Braga sentou-se com ele e disse que não entra em aventuras. Entrou, em 2022, com Gustavo Mendanha e deu no que deu, isto é, uma derrota acachapante, depois de uma campanha medíocre no rádio e na televisão, abusando do formato de colocar supostas pessoas do povo perguntando e o candidato respondendo. Em 18 aparições no horário gratuito do TRE, Mendanha – sim, ele teve menos de um minuto – mesmo assim nunca se apresentou. Foi, do início ao fim, um desconhecido, um lambari se propondo a uma tarefa reservada a tubarões, ou seja, governar Goiás.

Disse mais, aliás como qualquer publicitário diria à beira de contratar uma boa conta: o prefeito faz muito, mas a população não está sabendo. Clichê manjado, conversa óbvia, um anzol para fisgar e agradar o cliente, sempre pessoalmente convicto de ser bom demais, porém não devidamente reconhecido. Anotem aí, leitoras e leitores: nada vai mudar na comunicação do Paço. As limitações legais não permitem. Qualquer propaganda só pode dar informações, sem sequer citar o nome do prefeito. Isso já é feito, maciçamente. Não há Braga capaz de mudar essa realidade.

Rogério Cruz nunca se dedicou a enfrentar o desafio básico para a sua afirmação como prefeito de Goiânia: o vice que assume no lugar do titular, não tendo sido eleito, claro, para a plenitude do mandato e, portanto, considerado ilegítimo. Eis aí a origem de tudo. Não é um desafio fácil de resolver. Braga oferece, para isso, a divulgação das realizações, obras e sabe-se mais o que foi feito, ou será. Automaticamente, viria a gratidão das goianienses e dos goianienses e Cruz seria reeleito. Brincadeira. É subestimar a capacidade de discernimento de um dos eleitorados mais conscientes e complexos do Estado.

Surpreende é Braga vender um kit padrão de marketing e o prefeito comprar sem hesitação, entregando o seu futuro e contratando um desastre nas urnas. Não é por aí. Rogério Cruz ganhou um mandato do destino e o mesmo destino, na toada até agora vista, vai decretar que será o único. Com Braga ou sem Braga. A ressaltar, uma operação comercial, aliás pouco republicana, eticamente não aconselhável, já que a agência do filho de Braga atende a prefeitura ( voltarei a esse assunto). Nunca, mas nunca mesmo, algo assim daria certo.