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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

08 ago

Apesar das “interpretações” das suas palavras, Caiado ainda não levantou o drone sobre Goiânia e Aparecida

Os dias na imprensa goiana andam pródigos em manifestações de “intérpretes” do que o governador Ronaldo Caiado pensa, diz, sinaliza, admite ou sugere sobre o pleito municipal do ano vindouro, em especial em colégios eleitorais de relevância como Goiânia, Aparecida ou Anápolis. No entanto, não há necessidade de queimar tantos bits (o grosso do noticiário hoje corre pela internet), porque, na verdade, Caiado simplesmente ainda não decidiu sobre esse assunto.

Uma mesma declaração do governador, neste início de semana, serviu como indício tanto de que ele vai apoiar como de que não se resolveu quanto a reeleição do prefeito de Aparecida Vilmar Mariano. Sobre Rogério Cruz, em Goiânia, dias atrás, foi a mesma coisa. No máximo, pode ser dito com certeza que existem, sim, tendências para o posicionamento de Caiado a favor deste ou daquele candidato. Agora, sinalização ou admissão disso ou aquilo, não há, por ora, a não ser o exagero pretensioso dos auto-assumidos tradutores de palavras e gestos de Sua Excelência, por conta própria.

É prosaico reconhecer e é o real: só receberão endosso nomes inequivocamente dentro base governista. Claro como a luz do dia. Isso é positivo, por exemplo, para Rogério Cruz, que tem serviços prestados. Em Aparecida, o peso desse critério será neutro: os dois postulantes de robustez previamente colocados, Vilmarzim e Prof. Alcides, já estiveram desgarrados e posteriormente retornaram ao ninho confortável do Palácio das Esmeraldas. São filhos pródigos, no sentido bíblico e qualquer um estaria apto a merecer o reacolhimento do pai, em tese. Ou ambos. Ou nenhum e assim ninguém teria o patrocínio de Caiado na parada aparecidense. Em Anápolis, o momento é precoce para uma visão mais segura. Tudo vai depender da candidatura – ou não – do Major Vitor Hugo, que também ameaça acontecer em Goiânia e produzir o mesmo acinzentamento do cenário. Igualmente se a filha de Iris Rezende, Ana Paula, ou o presidente da Assembleia Bruno Peixoto se apresentarem. São fatores que garantem um bom atraso à espera da solução final.

Não se descarta sequer a candidatura do senador Vanderlan Cardoso como a destinatária do aval de Caiado na capital. A hipótese é distante, mas em política e diante dos tradicionais desdobramentos de última hora, deve ser considerada. Isso por um motivo simples: provavelmente, é a que terá mais potencial, pelo menos na arrancada, conforme demonstram as pesquisas publicadas. Seria, nesse caso, um porto seguro para confirmar e qualificar mais uma vez um vencedor nato de eleições e acrescentar mais conteúdo à sua candidatura presidencial. Parte disso se daria pelo estratégico fato de que Vanderlan é senador e tem atuação destacada como presidente da segunda comissão mais importante do Senado, a CAE – Comissão de Assuntos Econômicos, com espaço na mídia federal.

Pelo sim, pelo não, a análise dos fatos leva à conclusão de que Caiado ainda não levantou o drone sobre os principais colégios eleitorais do Estado, em especial Goiânia, Aparecida e Anápolis, os maiores. Está deixando fluir as articulações em seu processo natural, sem interferir, sem sinalizar, sem admitir ou dizer algo concreto sobre cada uma dessas praças políticas. Se em outras ocasiões se antecipou, como fez ao buscar o MDB para a sua aliança e Daniel Vilela para a vice da chapa da reeleição, não há pressa e é provável um vácuo até a chegada de 2024 para um olhar incisivo sobre as urnas municipais por enquanto distantes.