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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

25 set

Cartas de leitores e manchetes de O Popular corroem diariamente a imagem de Rogério Cruz

É terrível, para o prefeito Rogério Cruz: quase diariamente, cartas de leitores de O Popular trazem uma enxurrada de reclamações das goianienses e dos goianienses e criticam com dureza a prestação de serviços pela prefeitura de Goiânia, além de questionar a sua incapacidade para cumprir obrigações administrativas banais e corriqueiras para o dia a dia da capital, como, por exemplo, tapar os buracos nas ruas e avenidas.

Apenas nos últimos dias, falou-se ali de lâmpadas queimadas, abandono da região central, promessas esquecidas para obras nos bairros, pizza na CPI da Comurg, falta de recolhimento de lixo e mais uma miríade de atrapalhos para o cotidiano da população. Há manifestações até mesmo proclamando em alto e bom som a “incompetência” do prefeito e celebrando a proximidade das eleições municipais, “quando finalmente Goiânia se libertará de um martírio”.

 

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Não é fácil para nenhum governante conquistar popularidade debaixo de um tiroteio como esse. Pior, para o “prefeito Rogério”, é que se sucedem manchetes, em O Popular, apontando para o tumulto sem fim no relacionamento com a Câmara e, em especial, na gestão das maternidades mantidas pelo município, onde falta tudo. Não é só. “Paço faz acordo de R$ 15 milhões e adia BRT mais uma vez”, destacou o jornal na sua 1ª página do dia 14 de setembro, sugerindo algum tipo de prejuízo para a capital. Dois dias depois, foi a vez da da “crise das maternidades”. Mais dois dias e “Secretário deixa o Paço e ataca gestão de Rogério”. No dia seguinte, “Prefeitura muda o primeiro escalão 80 vezes em 34 meses”.  Não há trégua, nem nas cartas dos leitores nem nas reportagens.

É muito barulho para ser ignorado, agravado pela falta de respostas. E não se pode dizer que é perseguição jornalística porque são fatos concretos, apenas registrados nas colunas, sem editorialização. Ou seja: neutros. Aconteceram na esfera da gestão de Rogério Cruz e pronto. O detalhe de não acabar nunca termina por compor uma imagem desastrosa da prefeitura. Não há marketing possível para reverter esse cenário, aliás parte da explicação para o mau desempenho do cherfe do Executivo goianiense e do seu despreparo para cuidar de uma das maiores cidades do país, ainda mais quando pretende disputar a reeleição.

O petista Paulo Garcia, antecessor de Rogério Cruz na mesma má receptividade popular, morreu acreditando que a História faria uma suposta “justiça” para a sua administração, corrigindo o legado negativo. Pelo menos até hoje, sete anos após, essa “reavalização” ainda não veio. Provavelmente, não virá jamais. Parte porque uma das fontes primárias ou secundárias dos historiadores é a imprensa. A visão do momento é a que se perpetuará pela posteridade afora, é assim que funciona. E O Popular, no caso de Goiânia, tem relevância. Azar do “prefeito Rogério”. O julgamento do futuro, com certeza, será ainda mais pesado.