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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

23 out

Sem marca própria, Marden Jr. aposta em obra estadual para ganhar mais um mandato

Uma obra do governo do Estado, avaliada em R$ 15 milhões, é a esperança do prefeito de Trindade Marden Jr. para se viabilizar como candidato à reeleição. Eleito como poste do então prefeito Jânio Darrot, em 2018, Marden acabou se perdendo correndo atrás de uma multiplicidade de projetos e, prestes a iniciar o quarto e último ano da sua gestão, acabou não concluindo nenhum.

 

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O governador Ronaldo Caiado, no entanto, pode salvar o prefeito, que, não à toa, deixou o Patriota de Jorcelino Braga e se filiou ao União Brasil. Está nas mãos de Caiado estabelecer uma prioridade e tocar com velocidade a construção de um monumental viaduto, talvez o maior já erigido em Goiás, no ponto onde a Rodovia dos Romeiros faz uma curva para acessar Trindade. Só de pista contínua, serão 630 metros, parte sobre a rotatória do local, facilitando a vida dos 4 milhões de fiéis que fazem a romaria anual à capital goiana da fé.

Ainda que sob suspeita de não ter priorizado a melhor configuração espacial, uma vez que as plantas de engenharia foram estranhamente elaboradas pela fábrica de Coca-Cola sem que saiba quais são os interesses da empresa quanto a essa “doação”, o viaduto terá um enorme impacto sobre a região e, caso pronto antes das urnas do ano que vem, capacidade para repercutir a favor da reeleição de Marden Jr., mesmo se sabendo que a prefeitura não vai investir um único centavo e sim o governo do Estado. O prefeito, portanto, está na dependência de fatores que ele, em última análise, não controla.

Trindade é um colégio eleitoral complicado. Metade do seu eleitorado se situa na divisa com Goiânia e é influenciada pelo espírito urbano da capital. O centro antigo, congregado pelo Divino Pai Eterno, vive em clima paroquial de cidade do interior. Isso torna arriscado prever os resultados das urnas e as tendências eleitorais. Além disso, o casal Flávia-George Morais, ela deputada federal, ele estadual, conserva ali uma base latente que, de repente, pode justificar a candidatura de George a prefeito – aliás seu sonho dourado, depois dos dois mandatos que ele já teve nesse cargo. Desde já, Marden Jr. perde o sono com essa hipótese.

O crucial está em que ele, o prefeito, até teve tempo, porém perdeu a chance de criar uma individualidade política. O analista Vassil Oliveira foi quem melhor entendeu esse drama, ao lembrar que Marden Jr. continua na esperança do efeito positivo do mesmo poder superior que o elegeu na primeira vez, ou seja, Jânio Darrot. “É frágil, dependente e carente”, escreve Vassil. “Alguém precisa puxá-lo pelas mãos até a eleição”, conclui. Verdade: ou Caiado ou Darrot. Fora daí…