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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

10 fev

Bradesco vai quebrar? A era dos bancões parece próxima do fim

Queda nos lucros no último trimestre de 2023, perda de bilhões na Bolsa de Valores de São Paulo e um cenário adverso, diante de uma nova realidade onde as transações pela internet já dispararam na liderança das operações das instituições financeiras, deflagraram uma onda de boatos sobre a situação do Bradesco – até então o segundo maior banco do país, atrás apenas do Itaú e à frente do Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Esse cenário está em mudança.

A era dos bancões dá sinais de chegar ao fim no Brasil. Sem sedes físicas, novidades como Nubank, Nomad, Wise, Cora, PicPay, Mercado Pago, C6 e Inter crescem com velocidade cada vez maior quanto a preferência do público. O BTG Pactual, cuja atuação é mista, tanto presencialmente quanto fortemente online, já superou o Santander e se aproxima com rapidez dos líderes do mercado, em um mundo onde tudo que é sólido se desmancha no ar.

O sistema bancário nacional é um dos mais sólidos do planeta, amparado por uma regulamentação rígida e controlada de perto pelo Banco Central. Mas não é de aço. O Bradesco andou escorregando, ao distribuir crédito a torto e a direito nos últimos anos e agora se defrontar com uma taxa de inadimplência para lá de arriscada. Além disso, do ponto de vista funcional, o banco é conservador e rígido, reagindo com lentidão às transformações impostas pelo avanço da modernidade.

Leitoras e leitores com conta no Bradesco: caiam fora. A boataria é grande, verdade, porém dessa vez os elementos a apontar para uma dúvida justificada sobre o banco são consistentes. O próprio presidente-executivo do Bradesco Octávio de Lazari reconheceu: a situação é difícil. E não é de hoje, antes de algum tempo atrás, desde o início de 2023, ao menos. Não à toa, no seu primeiro escalão, as trocas se intensificaram neste início de 2024. Os sinais de um terremoto são evidentes. Melhor não ignorar.