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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

30 mar

Desconfiança e falta de gestão arruinaram Vilmar Mariano

Por que Vilmar Mariano, atual prefeito e filiado ao MDB, não será o candidato da base governista em Aparecida? A resposta tem duas vertentes: por um lado, a completa falta de confiança que passou a alimentar o governador Ronaldo Caiado, o vice-governador Daniel Vilela e o ex-prefeito e cabo eleitoral número um do município Gustavo Mendanha, a ponto de nenhum deles ter a menor certeza sobre quem Vilmarzim apoiaria para o governo do Estado em 2026, caso venha a vencer a eleição; e, por outro lado, a convicção de que o prefeito não é um administrador competente, conclusão atestada pelo desperdício de dois anos de mandato sem conseguir imprimir uma marca para identificar a sua gestão e sem conseguir subir um mísero décimo na sua baixíssima pontuação nas pesquisas para a própria sucessão.

Vamos ao primeiro ponto: em um erro estratégico pelo qual corre o risco de pagar caro, Vilmarzim se incompatibilizou com o seu antecessor Mendanha. Desentendimentos eventuais são até naturais entre quem deixa e quem assume o poder, em qualquer instância, mesmo integrando o mesmo grupo político, caso de Aparecida. No entanto, uma disputa sobre o controle dos cofres municipais acabou criando um abismo profundo entre os dois. Diplomaticamente, Mendanha alega compromissos não cumpridos para negar apoio a Vilmarzim. O ex-prefeito queria a manutenção do seu aliado André Rosa na dominante Secretaria municipal da Fazenda, algo quase impossível, já que esvaziaria a autoridade do titular da prefeitura sobre despesas e principalmente pagamentos. Rosa, claro, foi para a rua. E aí as coisas se complicaram.

 

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Oficialmente, o Gustavo escuda-se na convicção de que faltariam a Vilmarzim condições mínimas para se reeleger. E parece estar correto. Em um exercício de realismo, Caiado, Daniel e Mendanha encomendaram em comum acordo pesquisas sobre as possibilidades do prefeito para a conquista de um novo mandato. Os resultados foram pífios. Vilmarzim não exibiu um desempenho capaz de fazer frente à sólida liderança do deputado federal Prof. Alcides na corrida pelo principal gabinete da Cidade Administrativa, quase três vezes superior. Mais grave: para as aparecidenses e os aparecidenses, sem trocadilho, ele não tem altura para se sentar no trono que já foi de figuras de destaque como Maguito Vilela e Ademir Menezes, para não falar no próprio Mendanha.

Jogado ao mar, para Vilmar Mariano a reeleição se tornou difícil, perto do impossível. Ninguém de peso local ou estadual subirá no seu palanque, seja qual for o partido para o qual optar (deve obrigatoriamente sair do MDB e se filiar ou ao PSD ou ao PT ou ao Podemos ou, em último caso, ao nanico PRD). Sua alternativa será se contentar com os pastores evangélicos de Aparecida, vereadores e pequenas lideranças de bairro, a maioria pendurada no cabide de empregos da prefeitura – seguramente um dos maiores do Estado. No limite, poderá até renunciar à candidatura e, vingando-se, apoiar o Prof. Alcides, de quem é amigo. Sem margem de manobra, seu futuro, assim, não parece promissor.