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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

20 maio

Debate sobre subprefeituras em Goiânia é… perda de tempo

Em uma pré-campanha que bate recorde em matéria de temperaturas baixas, quer dizer, frias, mesmo, o debate repentinamente instalado sobre a criação de subprefeituras em Goiânia ganhou algum corpo e acendeu chamas provavelmente passageiras. Em resumo, tudo começou com o candidato da base governista Sandro Mabel (UNIÃO BRASIL) anunciando a inclusão de administrações regionais no seu plano de governo, com o senador Vanderlan Cardoso (PSD) retrucando imediatamente se tratar de uma ideia originalmente sua sendo astuciosamente copiada por Mabel. De resto, apareceram os emedebistas de sempre, tipo o mais vetusto deles, o conselheiro de contas aposentado Paulo Ortegal, garantindo que o pai da criança seria Iris Rezende – autor de uma lei enviada à Câmara Municipal há 15 ou 20 anos instituindo a “novidade”, jamais implementada, no entanto.

A justificativa para as subprefeituras é óbvia: em razão do amplo espaço urbano da capital, hoje com um milhão e meio de habitantes, o estabelecimento de representações do Paço Municipal em locais estratégicos facilitaria a entrega de obras e políticas públicas para a população, especialmente a dos bairros mais afastados. Na verdade, parece reside aí um equívoco e dos grandes. Em uma cidade com quase 14 milhões de moradores, como São Paulo, tem toda lógica. E, lá, de fato, existem 32 subprefeituras, desde 2002 (nascidas sob a gestão da petista, na época de pé rachado, Marta Suplicy, e fortalecidas sob outro petista, Fernando Haddad). Na prática, elas cumprem a função de recolher as reclamações e sugestões da comunidade, além de garantir a manutenção de equipamentos como clubes populares, postos de saúde, escolas, cemitérios e praças, além de fiscalizar serviços como a limpeza e a iluminação das ruas, dentre outros. Funciona? De médio para baixo, é a resposta.

 

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No caso paulista, cada subprefeitura, em média, cuida de 500 mil habitantes, mas os números variam de 300 mil a pouco mais de um milhão. Em comparação com Goiânia, significa que bastariam três aqui, caso realmente necessárias. O problema é que não são. Para a população, viria à força mais um canal de intermediação para o atendimento das suas necessidades. E fatalmente controlado por políticos, visto que, a exemplo do ocorrido em São Paulo, vereadores e parlamentares com boa votação em cada região entrariam em disputa para indicar seus apaniguados como subprefeitos. Haveria uma luta permanente e sangrenta, administrativamente muito nociva. Haveria mais cargos, mais despesas, mais burocracia. Um desastre, enfim.

Basta um prefeito para Goiânia, com a sua penca de secretarias e órgãos executivos de primeiro escalão, no momento beirando a casa das 30 pastas, mais do que São Paulo, aliás, estabilizadas em 24. Quem analisar as exitosas administrações de Iris Rezende e o seu chamado estilo centralizador, verá que uma única autoridade municipal é mais do que suficiente, racionalizadora e financeiramente prudente. Deu certo. A maioria esmagadora das vias públicas estão asfaltadas, em bom estado, assim como canteiros centrais, praças e calçadas, mesmo nos setores distantes. Não é preciso gastar mais nem entupir com mais gente a estrutura de gerenciamento e finalização da prefeitura. Para os candidatos, discutir se devem ou não ser acrescentados novos organismos e sua miríade de funcionários é perda de tempo só revela, como O Popular anotou, que vivem em um deserto de ideias. Ou um erro grave quanto aos postulantes empoleirados nessa canoa furada: a mensagem para as eleitoras e os eleitores será inequivocamente recebida como a busca de um artifício para trabalhar menos.