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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

07 jun

Enquanto Lula segue longe de Goiás, Bolsonaro tem agenda em 6 cidades

 

É inegável a identificação entre Goiás e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Seja pela celebrada natureza conservadora do eleitorado de um Estado cuja base econômica é o agronegócio, seja pelas reiteradas visitas do Jair a cidades goianas, desde os bons tempos de poder, o fato é que se criaram laços de proximidade – e tudo isso resulta em um potencial de influenciação do voto no pleito municipal deste ano claramente favorável aos candidatos predestinados a ter a mão de Bolsonaro na cabeça.

A antítese disso aí é Lula. Já se passaram mais de 15 anos desde que o presidente petista colocou os pés pela última vez em Goiás. Ninguém se lembra de quando foi. Constrangidos, candidatos a prefeito como Adriana Accorsi, em Goiânia, e Antônio Gomide, em Anápolis, publicam fotos antigas ao lado de um Lula ainda com cabelos e barba escurecidos. Na semana passada, Adriana informou esforçadamente ter participado de um evento no Palácio do Planalto, quando abordou o presidente, ouvindo frases genéricas do tipo “vamos, sim, ajudar Goiás”, “é um grande Estado” e outras bobagens vazias. E isso sem falar que, no atual mandato, Lula marcou e cancelou três ou quatro viagens, sem dar satisfações. Pode ser uma lenda, mas a desconfiança geral é a de que o petista tem ojeriza pelas goianas e pelos goianos, entre os quais nunca conseguiu maioria de votos nas suas sucessivas eleições (a não ser por uma única vez, em 2002, exceção a confirmar a regra).

Bolsonaro é diferente. Ele virou figurinha fácil em Goiânia e em cidades aleatórias, como Nerópolis, onde apareceu de repente em uma feira-livre e causou uma comoção. Agora mesmo, acaba de acertar com o presidente estadual do PL e senador Wilder Morais, em meios a erros grosseiros de português, uma agenda para prestigiar a campanha dos candidatos bolsonaristas em Goiânia, Anápolis, Aparecida, Rio Verde, Catalão e Jataí. Os adversários podem segurar as calças. O ex-presidente é um cabo eleitoral poderoso. Por toda parte, pesquisas mostram que a sua recomendação seria disparadamente a mais bem acolhida nas eleições de outubro vindouro. Ainda mais, muito mais, em um Estado onde a sua frente sobre Lula foi acachapante em 2022. Azar do PT, bom para o PL.