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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

13 jun

Matemática das urnas é cruel para Adriana Accorsi

Em última análise, o resultado das urnas em qualquer eleição se resume a mera matemática. Cada candidato recebe seus votos, imediatamente convertidos em percentuais. Obviamente, quem alcança os algarismos mais altos sagra-se vencedor, a não ser quando o pleito é majoritário, isto é, se dá em cidades com eleitorado acima de 200 mil eleitores aptos a votar para prefeito. Nesse caso, os dois primeiros classificados vão para uma espécie de prorrogação e aí novamente prevalece o maior número de sufrágios. Simples.

E tudo obviedades. Mas vale a lembrança para situar com clareza o drama da candidata petista a prefeita de Goiânia, Adriana Accorsi. Essa “matemática” elementar descrita no parágrafo anterior é naturalmente prejudicial a ela quando pintada com tintas, digamos assim, ideológicas. Desde já, as pesquisas mostram que, dentre os quatro candidatos com maior potencial ao Paço Municipal, três somam a metade das intenções de voto: Gustavo Gayer, pelo PL (20%);Vanderlan Cardoso, pelo PSD (20%); e Sandro Mabel, pelo UNIÃO BRASIL (hoje aproximando-se dos 10%, segundo a última pesquisa do Jornal Opção). Adriana, sozinha, conta com pouco mais de 20%. As restantes intenções de voto, ou 30%, se pulverizam entre postulantes sem importância, indecisos e aqueles inclinados a votar em branco.

A expectativa, assim, é a de que inevitavelmente haverá um 2º turno, quase certamente com uma das vagas reservada para a petista, porém com tendência de aglutinação das eleitoras e dos eleitores que escolheram Gayer, Vanderlan e Mabel na sustentação daquele que conseguiu passar adiante. Para a candidata do PT irão também alguns, porém representando uma parcela ínfima. Com um agravante: Goiânia é considerada a capital mais bolsonarista do país, a mais direitista e conservadora. Ou antipetista e antilulista. É muito provável que essa frente estará solidamente unida em um vagalhão poderoso o bastante para afogar Adriana. É só fazer as contas.

Em termos de percentuais, a impressão é a de que uma muralha intransponível de votos estará atravessada no caminho de Adriana Accorsi. O cálculo é cruel para a candidata, em termos de polarização entre ângulos opostos quanto a visões de mundo. Bolsonarismo versus lulismo. Direita contra esquerda. Não vai ser fácil para ela, ainda que agarrando-se ao seu preparo pessoal, à condição de mulher e ao esforço que já faz para caracterizar a disputa pela prefeitura como uma questão exclusivamente voltada para o gerenciamento urbano e nada mais. O problema é o PT, agravado pelo mau desempenho do presidente Lula e seu olhar voltado para o passado distante. O partido transformou-se em um fardo pesado o suficiente para derrotar a sua candidata petista em Goiânia.

 

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