Maioria bolsonarista está clara na pesquisa Serpes, para azar de Adriana Accorsi
Um aspecto importantíssimo da 1ª pesquisa Serpes sobre as eleições deste ano em Goiânia, publicada por O Popular, está na consolidação da maioria bolsonarista dentre o eleitorado da capital. Não há dúvidas: somando-se os candidatos que podem ser identificados como direita mais ou menos acentuada, chega-se a mais de 50% das intenções de voto. Em contrapartida, em uma avaliação das preferências por nomes de esquerda, mal se passa dos 20%. Isso é péssimo para a candidata do PT, Adriana Accorsi.
Mais que bolsonarismo, existe um antipetismo latente em Goiânia. O levantamento do Serpes deixa claro que os resultados de 2022, quando Jair Bolsonaro venceu Lula por 3 x 1, estão mais vivos do que nunca. E vão pairar sobre as urnas deste ano, quando o 2º turno será disputado entre dois candidatos da direita – Vanderlan Cardoso e Sandro Mabel – ou entre um da esquerda, Adriana Accorsi, e Vanderlan ou Mabel. Segundo os números projetados pelo Serpes, Adriana não ganha em nenhum cenário, por ora mantendo alguma chance em caso de enfrentamento com Mabel.
A barra está e será pesada para a candidata do PT. Ela tem consciência dessa situação desvantajosa e faz o possível para desvincular o pleito em Goiânia de conotações ideológicas, puxando para as questões gerenciais que estão em alta em razão do fiasco de Rogério Cruz. É uma boa tentativa, mas dificilmente vai funcionar. No horário gratuito do rádio e televisão, Adriana terá no máximo 2 minutos e nos 8 restantes será acossada por adversários não se pode dizer raivosos, porém contundentes. O que já a prejudica hoje se aprofundará. E quando ela for obrigada pela disciplina soviética do PT a usar imagens de Lula nos seus programas, os desgastes só vão piorar.
Não é à toa que Lula já passou de 15 anos sem pôr os pés em Goiás. As goianas e os goianos não gostam dele e ele não gosta das goianas e dos goianos. Nunca venceu uma das suas inúmeras eleições aqui, a não ser a de 2002, exceção que confirma a regra. Daqui até a data das urnas, em outubro, também não virá, mas aparecerá em vídeos pedindo votos para Adriana – o que só fará aumentar a rejeição da candidata, hoje, segundo a pesquisa Serpes, a 2ª maior, na faixa dos 27%, perdendo apenas para os 43,4 % de Rogério Cruz. Como é que uma mulher tão bem-posicionada, esclarecida, simpática, inteligente, cordata, preparada e civilizada, dona de todos os adjetivos positivos possíveis, pode chegar a um nível de recusa do seu nome tão elevado? Simples: por causa do Lula.
Em um hipotético 2º turno contra Vanderlan ou Mabel, Adriana enfrentará a união de todo o campo da direita e, mais grave, o sentimento antipetista, fácil de ser explorado no clima tenso que se instalará. Não há Jorcelino Braga (que ela arriscadamente contratou), no marketing, capaz de reverter esse tsunami contrário, a não ser que Braga abandone o seu tradicional kit de campanha e resolva mostrar criatividade de fato, longe de cenas artificiais com eleitores fazendo perguntas e o candidato respondendo. Isso não vai funcionar. A propósito, Braga, que nunca raciocinou à esquerda, meteu-se no maior desafio da sua vida profissional. Se Adriana perder, ele será o responsável. Será o bode expiatório perfeito. Ele e o Lula.