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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

20 jul

Maioria bolsonarista está clara na pesquisa Serpes, para azar de Adriana Accorsi

Um aspecto importantíssimo da 1ª pesquisa Serpes sobre as eleições deste ano em Goiânia, publicada por O Popular, está na consolidação da maioria bolsonarista dentre o eleitorado da capital. Não há dúvidas: somando-se os candidatos que podem ser identificados como direita mais ou menos acentuada, chega-se a mais de 50% das intenções de voto. Em contrapartida, em uma avaliação das preferências por nomes de esquerda, mal se passa dos 20%. Isso é péssimo para a candidata do PT, Adriana Accorsi.

Mais que bolsonarismo, existe um antipetismo latente em Goiânia. O levantamento do Serpes deixa claro que os resultados de 2022, quando Jair Bolsonaro venceu Lula por 3 x 1, estão mais vivos do que nunca. E vão pairar sobre as urnas deste ano, quando o 2º turno será disputado entre dois candidatos da direita – Vanderlan Cardoso e Sandro Mabel – ou entre um da esquerda, Adriana Accorsi, e Vanderlan ou Mabel. Segundo os números projetados pelo Serpes, Adriana não ganha em nenhum cenário, por ora mantendo alguma chance em caso de enfrentamento com Mabel.

A barra está e será pesada para a candidata do PT. Ela tem consciência dessa situação desvantajosa e faz o possível para desvincular o pleito em Goiânia de conotações ideológicas, puxando para as questões gerenciais que estão em alta em razão do fiasco de Rogério Cruz. É uma boa tentativa, mas dificilmente vai funcionar. No horário gratuito do rádio e televisão, Adriana terá no máximo 2 minutos e nos 8 restantes será acossada por adversários não se pode dizer raivosos, porém contundentes. O que já a prejudica hoje se aprofundará. E quando ela for obrigada pela disciplina soviética do PT a usar imagens de Lula nos seus programas, os desgastes só vão piorar.

Não é à toa que Lula já passou de 15 anos sem pôr os pés em Goiás. As goianas e os goianos não gostam dele e ele não gosta das goianas e dos goianos. Nunca venceu uma das suas inúmeras eleições aqui, a não ser a de 2002, exceção que confirma a regra. Daqui até a data das urnas, em outubro, também não virá, mas aparecerá em vídeos pedindo votos para Adriana – o que só fará aumentar a rejeição da candidata, hoje, segundo a pesquisa Serpes, a 2ª maior, na faixa dos 27%, perdendo apenas para os 43,4 % de Rogério Cruz. Como é que uma mulher tão bem-posicionada, esclarecida, simpática, inteligente, cordata, preparada e civilizada, dona de todos os adjetivos positivos possíveis, pode chegar a um nível de recusa do seu nome tão elevado? Simples: por causa do Lula.

Em um hipotético 2º turno contra Vanderlan ou Mabel, Adriana enfrentará a união de todo o campo da direita e, mais grave, o sentimento antipetista, fácil de ser explorado no clima tenso que se instalará. Não há Jorcelino Braga (que ela arriscadamente contratou), no marketing, capaz de reverter esse tsunami contrário, a não ser que Braga abandone o seu tradicional kit de campanha e resolva mostrar criatividade de fato, longe de cenas artificiais com eleitores fazendo perguntas e o candidato respondendo. Isso não vai funcionar. A propósito, Braga, que nunca raciocinou à esquerda, meteu-se no maior desafio da sua vida profissional. Se Adriana perder, ele será o responsável. Será o bode expiatório perfeito. Ele e o Lula.