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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

30 ago

Campanha em Goiânia é a mais fria da história e não atrai atenção

Está em curso a mais fria das eleições de todos os tempos para a prefeitura de Goiânia. Não acontece nada, todos os candidatos são parecidos, suas propostas 100% similares, não há carros adesivados nas ruas, as redes sociais de cada competidor são convencionais e desinteressantes e agora, a partir desta sexta, 30, vão começar os programas no horário gratuito de propaganda eleitoral com perspectiva de repetição da mesma mixórdia de sempre, tal candidato nasceu aqui, aquele estudou com essa professorinha e o mesmo ramerrão que não constrói nada de positivo e não serve para informar o eleitorado sobre o que realmente podem representar, um ou outro, para o futuro da capital. Chega, em definitivo, de vídeos com a família e biografias edulcoradas, afinal para que isso serve? Todo mundo já sabe que Adriana é filha de Darci Accorsi, que Mabel começou a vida com uma padaria e que Vanderlan veio do nada para se transformar no rei dos salgadinhos. Ou outros contos da carochinha. Não à toa, as pesquisas de intenção de voto são apenas réplicas das primeiras, há meses, sem novidades nos números.

O exemplo de São Paulo segue ignorado. Lá, está em curso uma campanha de verdade. Os candidatos falam, sim, em propostas, mas pontuam com ataques – e pesados. Vamos ser sinceros, leitoras e leitores: quem é que aguenta falatório sobre quero fazer isso, prometo fazer aquilo, ou seja, meras declarações de intenção que provavelmente jamais passarão da boca para fora? E pobres-coitados tentando explicar seus projetos em 90 segundos? A eleição em Goiânia é totalmente fora de contexto: os concorrentes surfam em um céu de brigadeiro, longe de polêmicas, nada os incomoda, confiando apenas em que a população estaria forçada a escolher um ou outro, quase que aleatoriamente.

Quem for eleito, o será por acidente. Todos os candidatos são fracos: faltam cinco semanas para a data das urnas e nenhum deslanchou, indo além dos 20 a 21%. Em pleitos passados, a essa altura já havia pretendentes, como Iris Rezende nas suas sucessivas vitórias, acima dos 30 ou 35%. Por que, afinal, ninguém se diferencia? Como é que se produziu em Goiânia um fenômeno de insignificação ou esvaziamento até das redes sociais dos candidatos, tão determinante em outras praças eleitorais? E porque os envolvidos na corrida pelo Paço Municipal abrem mão de um protagonismo maior e só repisam clichês envelhecidos e arcaicos?

 

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A velha política venceu, mais uma vez, e dominou as eleições em Goiânia e de resto nos principais centros urbanos do Estado, como Anápolis, Jataí, Catalão, Luziânia, Aparecida e demais assemelhados. São cidades de porte, condenadas a uma repetição administrativa perpétua, sem criatividade e sem uma dose mínima de inovação. A obrigação de ir às urnas de quatro em quatro anos é um incentivo à mudança, ao avanço, ao inédito. É isso que uma eleição quer dizer. Mas o que se vê é o contrário, uma corrida às urnas para que tudo continue como sempre foi. Nunca estivemos tão mal.