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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

20 ago

Velomar é o candidato do atraso em Catalão, mas adversários são piores

O advogado e ex-prefeito de Catalão Velomar Rios é o candidato a prefeito de Catalão bancado pelo médico Adib Elias, um dos mais longevos e poderosos líderes políticos do interior do Estado. Velomar foi um péssimo prefeito, com um mandato mesquinho entre 2009 e 2012, alcançando nesse período duas façanhas: foi o principal construtor da derrota de Adriete Elias, mulher de Adib, na tentativa de voltar à Assembleia Legislativa em 2010, e ainda por cima no final do seu mandato era tão malvisto pelo eleitorado que foi decisivo para a eleição do arqui-inimigo de Adib, Jardel Sebba, para a prefeitura catalana, em 2012.

Quando foi o poste de um então bem aprovado prefeito Adib Elias em 2008, Velomar conseguiu a façanha de protagonizar 18 programas no horário gratuito do rádio e televisão sem falar uma única vez em nenhum. O marqueteiro era Jorcelino Braga. Reconheça-se: Braga se multiplicou em criatividade para suprir as teoricamente obrigatórias aparições do então candidato, incapaz de gravar um vídeo de sequer 30 segundos dirigindo-se às câmeras e aoi eleitorado. Braga arrancou cabelos da cabeça e quase desistiu. Mesmo sem qualidades, Velomar ganhou, embalado exclusivamente pelo prestígio de Adib, configuração repetida na eleição deste ano. Não poderia se dar bem na gestão, como não se deu.

De aspecto emaciado, roupas largas e antigas, discurso enrolado, Velomar(foto acima) só representa a continuidade de Adib como dono do poder em Catalão, nada mais. Um arranjo prejudicial para uma cidade orgulhosa ao se autocognominar “Atenas” de Goiás, repleta de universidades, aludindo a possíveis luzes civilizatórias absolutamente incompatíveis com a realidade de um dos contextos políticos mais paroquiais e provincianos do Estado. Adib é o rei de tudo, lá. Irresponsavelmente, construiu um gigantesco hospital municipal, que não pode inaugurar porque não tem dinheiro para bancar a operação diária. Adib beijou a lona quando foi derrotado por Jardel Sebba, foi trabalhar em um posto de saúde da periferia, mas voltou resgatado pelo fiasco da gestão do seu primo e maior adversário (piada em Catalão: Jardel comprovou ser tão bom médico que conseguiu ressuscitar Adib). Com Velomar secretário municipal de Saúde, a pandemia foi um desastre maior na cidade e quase levou Adib, intubado por semanas e semanas em São Paulo e hoje à beira da invalidez pelas sequelas que o atingiram e o obrigaram a 17 cirurgias ortopédicas em dois anos. Adib não consegue ficar em pé por 10 minutos.

 

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A proposta de Velomar é obedecer a Adib. Coisa que fez atabalhoadamente no mandato anterior, colaborando para a ruína momentânea do seu mestre. Infelizmente, seus adversários são menores ainda. Elder Galdino é um fazendeirão rico (condição que os inimigos atribuem a dívidas milionárias) e Renato Ribeiro um empresário insosso, agarrado a um bolsonarismo tardio, porém desmoralizado pelas promessas do Jair – que se comprometeu a ir a Catalão para bancar o seu suposto representante, mas nunca apareceu. Velomar, face à ausência de concorrentes minimamente viabilizados, será o próximo prefeito. A “Atenas” de Goiás continuará mergulhada na escuridão e na mediocridade da sua história recente.