Programas de televisão impactam a campanha em Goiânia e Aparecida
Ao contrário do esperado, os programas dos candidatos a prefeito de Goiânia no rádio e na televisão impactaram – e com força – o cenário eleitoral em Goiânia e Aparecida. A favor e contra. Antes do seu início, imaginava-se que o horário gratuito teria, sim, alguma influência, mas não tanto como antigamente, uma vez que enfrentaria a concorrência poderosa das redes sociais.
Ledo engano. Que redes sociais, que nada. Mal começaram as veiculações e Sandro Mabel disparou para o 1º lugar, embalado pelo seu currículo empresarial realizador, pelo impulsionamento do governador Ronaldo Caiado e pela exposição de tudo isso a partir de uma estética colorida, alegre, veloz na alternância de cenas e situações, bons textos e apelo equilibrado ao emocional e ao racional. O programa de Mabel é de primeira, deixando no chinelo as aparições dos adversários.
Vamos a eles. Adriana Accorsi foi anodizada pelo famoso kit de marketing de Jorcelino Braga, o mesmo que se repete há eleições e eleições (lembram-se de Daniel Vilela visitando casas e trocando falas com o povo em 2018?). Os programas da petista perderam viço mediante o uso de filtros que embaçaram o brilho das imagens e o cineminha de cenas arranjadas em que a candidata mantém “conversas” artificiais com eleitoras, com respostas ensaiadas a perguntinhas sem nenhuma naturalidade umas e outras. É amador e tão fabricado que só poderia dar no que deu: Adriana passou a cair nas pesquisas, comprovado que foi um passo equivocado e decepcionante a tentativa de iludir Goiânia com a ocultação das raízes petistas – Braga chegou ao ponto de suprimir o vermelho do visual da campanha e a substituir o 13 de apelo histórico pela equação infantil do 1 + 3.
LEIA AINDA
“Efeito Caiado” já acontece em Goiânia e começa a funcionar em Aparecida
Reviravolta está a caminho em Anápolis, com derrota de Gomide
Velomar é o candidato do atraso em Catalão, mas adversários são piores
Vanderlan Cardoso começou dentro de uma concepção tradicional, com falas longas e mal entoadas, também caiu e até corre o risco de se distanciar dos primeiros colocados. Mas, nos últimos programas, aplicou um cavalo de pau nessa linha, mostrando capacidade de reação e elevando a qualidade das suas aparições. Arrumou também um mote interessante ao se assumir como um candidato que não é do governador nem do presidente, em alusão direta a Mabel e a Adriana, mas do povo. Meio demagógico, porém não é uma ideia ruim. Só que pesa uma realidade: de fato, a maioria do eleitorado não quer um nome do Lula, porém é diferente quanto ao Caiado. A espetacular avaliação do governador na capital indica que o seu endosso será considerado nas urnas e poderá decidir, tornando negativa qualquer contestação a essa conexão de Goiânia com o Estado, bem aproveitado pelo “eu aqui, Caiado lá” de Mabel.
Em Aparecida, o programa do líder das pesquisas Professor Alcides é… um desastre. Baladas sentimentais acompanham pessoas sorridentes e cenas aéreas da cidade, em um tom de ufanismo que esconde os desafios graves da realidade de um município com muito a resolver. Alcides vive de um ultrapassado “já ganhou” que tem potencial para construir a surpresa de uma derrota, já sinalizada na iminência do 2º turno apontado pelas últimas pesquisas. Nesse sentido, a televisão de Leandro Vilela é muito superior. As imagens também são exuberantes na medida, equilibrando os apoios de Caiado e do ex-prefeito Gustavo Mendanha com as virtudes de um candidato que traz no rosto uma combinação de juventude com inovação. O terceiro postulante, William Panda, do PSB-PT, repete o falatório do seu antípoda ideológico em Goiânia, Fred Rodrigues. É inconsistente e não atrai atenção, reproduzindo uma linguagem que mesmo antigamente já era ineficaz. No que depender do horário gratuito, todas vantagens estão nas mãos de Leandro.