Fiasco duplicado enterra o futuro político de Vanderlan
Toda eleição termina com poucos vitoriosos e uma variedade enorme de derrotados. No caso de um pleito municipal, como o que está em curso em Goiás, sobra gente que saiu escalpelada. Mas ninguém foi tão malsucedido quanto o senador Vanderlan Cardoso. Ele não só perdeu, como teve o seu futuro político enterrado. Fez uma campanha pífia, sem conexão com o mundo real, cuja única consequência foi arrastá-lo para baixo nas pesquisas. Quando saiu o resultado das urnas do 1º turno, caiu mais ainda e se transformou em uma pálida sombra de tudo o que foi na sua carreira política.
Inútil discutir aqui os erros de Vanderlan, já sobejamente conhecidos. Nunca foi fiel a nada e só atuou na medida dos seus interesses pessoais. Ao cometer o grave equívoco de lançar a mulher Izaura Cardoso candidata a prefeita de Senador Canedo, contratou um fiasco como desfecho inevitável. Ela ficou em 3º lugar, lá, ele terminou em 5º, aqui. O casal se afogou abraçado. De útil, Vanderlan deixou como legado uma lição sobre a inviabilidade de se fazer política de olhos fixos no próprio umbigo. Nunca dá certo.
O senador em reta final do mandato pode ressuscitar algum dia? Dificilmente. Uma reeleição em 2026 está bloqueada por uma disputa que se dará entre candidaturas fortes, amparadas por grupos políticos e correntes de opinião, o que não é nem de longe o caso de Vanderlan. Para governador, nem pensar, não se vislumbra a menor base fática para uma aventura desse peso. Se quiser ser deputado federal, tem a opção de comprar uma cadeira com o seu poderio econômico. Mas é só. Isso é no que dá faltar com a lealdade a tudo e a todos. Quem é que confiaria em alguém assim?
É fatal para Vanderlan uma constatação: depois de passar por todos os partidos e de manter alianças, que traiu, com todas as principais lideranças estaduais, de Iris Rezende a Ronaldo Caiado, passando por Marconi Perillo, não há mais candidatos a papel de otário em uma aproximação com o senador. Em Wilder Morais, ele encontraria uma pequena e derradeira oportunidade, já que a Izaura é a 1º suplente do senador e assumiria na hipótese de uma vitória de Wilder para o Palácio das Esmeraldas. Mas, na chapa de Wilder, pode não haver vaga para Vanderlan disputar a reeleição, sob pena de reeditar a panelinha que derrotou Iris em 1998 (quando dona Iris foi suplente de senadora de Maguito Vilela). Seria dar um argumento gratuito para a concorrência trabalhar.
Essa é uma história escrita à base de erros, porém não involuntários. E que, acumulados, levaram ao vexame do empresário de salgadinhos nas urnas goianienses. Fim de festa para Vanderlan, não mais confiável para ninguém e menos ainda para o eleitorado, e daqui para a frente apenas um morto-vivo assombrando a política estadual.