Equívoco: candidatura de Wilder se baseia em verbas para prefeitos e não em visão de futuro para Goiás
Um gabinete no Senado da República que recebe diariamente às vezes até 10 prefeitos de cidades por esse Goiás afora. E R$ 300 milhões anuais em emendas ao Orçamento da União que garantem o atendimento de todos os 246 municípios goianos, embora pulverizadas com caminhões, tratores, ambulâncias e outras superficialidades, talvez algumas ruas asfaltadas, ações bem longe de serem definidas como prioritárias para a população, porém capazes de dar alguma visibilidade aos prefeitos beneficiados, como eles erroneamente imaginam. Tudo isso compõe a base política que, em tese, pelo menos na cabeça do senador Wilder Morais (PL), justificaria e daria viabilidade para a sua candidatura ao governo do Estado em 2026, como adversário do representante da base aliada e atual vice-governador Daniel Vilela.
É um equívoco enorme e não se trata de simples análise deste blog. É o próprio Wilder quem usa esses argumentos – audiências com prefeitos de todos os partidos e distribuição de dinheiro federal para investimentos em nulidades – para sustentar a alegação de contar com densidade eleitoral e, portanto, dispor de estrutura para concorrer ao Palácio das Esmeraldas no ano que vem. Convenhamos, a prosopopeia do senador é de uma fragilidade estonteante. Prefeitos formam uma raça de interesseiros, vão atrás de recursos onde quer que estejam disponíveis, porém sem oferecer retorno político. Tanto que, dos 26 prefeitos eleitos pelo PL em 2024, 22 já se transferiram ou estão se transferindo para siglas conectadas com o governador Ronaldo Caiado, em especial o UNIÃO PROGRESSISTA, em busca de apoio administrativo. Conclusão inevitável: se depender daqueles que conquistaram o mandato vinculados à sua própria legenda e rapidamente entraram em debandada ou dos demais, de outras agremiações, Wilder Morais não será candidato a nada e passará em branco pelas urnas que se aproximam, pouco adiantando se comparecem com assiduidade ao gabinete do senador ou se botam a mão em verbas para gastar à toa nas suas cidades ou corrutelas.
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Wilder Morais é um senador sem noção da grandeza e da importância do mandato que acidentalmente caiu nas suas mãos, por conta da onda bolsonarista que varreu o Brasil nas últimas eleições legislativas. Nem a Bolsonaro é fiel, já que, a cada três votações, em duas fecha com o governo Lula. Ele acredita que a sua missão parlamentar é despachar benefícios financeiros para os municípios goianos, uma visão miúda para o papel de quem se assenta no Senado Federal, infelizmente compartilhada pelos seus dois colegas, Jorge Kajuru e Vanderlan Cardoso. É por isso que se diz: Goiás nunca foi tal mal defendido na mais alta Câmara Legislativa do país, onde nosso Estado hoje foi reduzido à insignificância institucional e política depois dos dias de glória de senadores de peso histórico e verdadeiramente dotados de conteúdo como Pedro Ludovico, Mauro Borges, Henrique Santillo, Maguito Vilela e Demóstenes Torres, só para citar alguns de rara expressão. Wilder, Kajuru e Vanderlan são nanicos diante dessa tradição.
O eleitorado goiano não é besta. Só vota para governador dentro de um conceito de responsabilidade com a trajetória do Estado e não é à toa que pesquisa recente atribuiu a Caiado o direito de eleger o seu sucessor (74%, segundo a Genial/Quaest). É óbvio que haverá no ar, em 2026, um desejo de continuidade e esse será encarnado por Daniel Vilela. Wilder Morais, se for candidato, vai dizer que também é continuidade de Caiado, mas acreditar que há de? Pequeno como é, não vai se inserir no cenário de um Estado em ebulição social e econômica, exemplo para o Brasil em áreas como a Segurança, a Educação e o desenvolvimento industrial, sem falar em algo de que um milionário diletante como o senador não tem a menor noção: a assistência às famílias vulneráveis. Entre ele e o trono da Praça Cívica existe um firewall intransponível, erigido por ele mesmo, com a sua incapacidade para pensar e inabilidade para a articulação política. Não é oposição a nada nem a favor disso ou daquilo, pois não sabe formular ideias e se expressar com inteligência. Não passa de um oportunista.