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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

24 jun

“Renúncia” de Vitor Hugo abre caminho para Gayer chegar ao Senado em 2026

 

O deputado federal Gustavo Gayer, do PL, definido como “figura abjeta” pelo jornal Folha de S. Paulo (em um artigo do jornalista Kennedy Alencar), está diante de um caminho livre para se tornar senador por Goiás em 2026, depois que o nome inicialmente preferencial do ex-presidente Jair Bolsonaro para concorrer a esse mandato, o vereador Vitor Hugo, resolveu abrir mão de se candidatar – segundo ele, atendendo a uma determinação do Jair. O PL goiano vai lançar Gayer, com possibilidade até de estar incluído na segunda vaga da chapa da base governista, a ser liderada pelo atual vice-governador Daniel Vilela, com a primeira-dama Gracinha Caiado escalada na primeira vaga.

Hoje, o cenário é esse. O preço pago pelo recuo de Vitor Hugo é outra retirada: o senador Wilder Morais não será mais postulante ao governo do Estado, com o engajamento do PL no arco de alianças liderado pelo duo UNIÃO PROGRESSISTA-MDB, anulando qualquer forma de oposição ao nome de Daniel Vilela e convertendo o pleito do ano que vem em uma “nomeação” para o Palácio das Esmeraldas. Não se trata de especulação, mas de certeza. Por trás desse jogo todo está um acerto entre o governador Ronaldo Caiado e Bolsonaro, resultando na consolidação de um eixo de poder inédito na história de Goiás – liderado por Caiado, com ampla maioria partidária e popular.

 

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Goste-se ou não de Gayer, ele tem apelo entre o público bolsonarista goiano. O Estado é de direita e olha lá se não de extrema direita. Petistas e esquerdistas em geral, na terra do pequi, não se constituem em força política sequer minimamente expressiva, ainda mais sob o influxo de eleições nacionais que desde já se desenham como desfavoráveis a um campo ideológico cada vez mais envelhecido, superado e comprometido com uma visão de mundo arcaica e infantil e capaz de apoiar ditadores e corruptos pelo mundo afora, inclusive defendendo um Estado terrorista como o Irã. Assim, a “figura abjeta”, na corrida estadual pelo Senado, com o apoio explícito do Jair, tende a garantir uma das duas vagas em disponibilidade.

Hoje, Goiás está muito mal servido na mais alta Câmara Legislativa do país. O trio que lá se assenta – Vanderlan Cardoso, Jorge Kajuru e Wilder Morais – não consegue ir além do papel humilhante de despachante de luxo para encaminhar verbas orçamentárias para caminhões, tratores, ambulâncias e obras sem importância estruturante nos municípios. Para 2026, seja à direita, com Gayer, seja pelo centro, com Gracinha Caiado, desenha-se uma renovação que pode levar a um avanço. Como está, não pode ficar, ainda mais em se tratando de cadeiras valorizadas por ocupantes ilustres no passado como Pedro Ludovico, Mauro Borges, Henrique Santillo, Iris Rezende, Maguito Vilela e até Ronaldo Caiado. É o povo que vai decidir. E a voz do povo é a voz de Deus.