Favoritismo de Daniel Vilela está bem construído e entra agora em fase de sintonia fina
Poucas vezes se viu antes em Goiás uma candidatura a governador construída com tanta força e competência quanto a do atual vice Daniel Vilela para 2026, cercada de fatores positivos por todos os lados: pessoalmente, uma liderança jovem, simpática e preparada, apoiada por um governador que bate recordes de aprovação, ao mesmo tempo congraçando uma volumosa frente de no mínimo 15 partidos, a maior de toda a história do Estado. E mais: trata-se de um projeto montado de forma avassaladora sob o comando do governador Ronaldo Caiado com muita antecedência, que agora, aos poucos, ingressa em uma fase de sintonia fina, qual sejam ajustes de detalhes importantes para o fechamento da aliança que estará por trás do filho e herdeiro de Maguito Vilela no ano que vem.
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Basicamente, duas variáveis ainda estão em aberto e aguardam solução. Uma, a atração do PL e do bolsonarismo para a campanha de Daniel Vilela, outra, a viabilização de uma composição com partidos de esquerda, como o PSB, sem perturbar a coloração de centro-direita que desde já identifica o delfim de Caiado dentro da polarização ideológica brasileira. O PSB não esconde o seu interesse, porém não abre mão de atuar a favor da reeleição do presidente Lula, o que tem potencial para impedir o acerto (mas nem tanto, como se verá no próximo parágrafo). O PT goiano também gostaria de se ombrear com Daniel, à falta de nomes minimamente capazes de assumir candidaturas majoritárias em Goiás, sequer para o Senado. Essas duas legendas esquerdistas transformariam o representante do MDB-UNIÃO PROGRESSISTA inédita e praticamente em candidato único ao governo estadual.
As vantagens seriam grandes. O que pesa contra, no entanto, são os riscos. Levando agremiações ditas progressistas na garupa, Daniel Vilela ganharia desgastes dos quais passa longe como um conservador de tendências moderadas. Por sorte, o PT jamais perfilará com alguém que não se envolva diretamente com a recondução de Lula e por isso essa ideia, apesar das suas possibilidades, nasce morta, o que já não é tanta verdade no caso do PSB. Esse, sim, talvez venha a ser incorporado graças ao efeito neutralizante produzido pelo vice-presidente Geraldo Alckmin como o seu principal quadro – e daí justificando um pé na canoa de Daniel, enquanto o outro pé continuaria lulista.
Nada disso é problema, quer dizer, o PSB não atrapalharia. Já com o PL, é diferente, porque a sigla, bem ou mal, pode acabar por se erigir em oposição à base governista, lançando o senador Wilder Morais. A vantagem é que nem mesmo o ex-presidente Jair Bolsonaro mostra simpatia por esse caminho para o PL em Goiás, preferindo se alinhar com o Palácio das Esmeraldas e com isso garantir dois senadores para o seu propósito de influenciar para valer o que acontece em Brasília: Gracinha Caiado e Gustavo Gayer, que seriam os dois companheiros de chapa de Daniel Vilela, a primeira já se beneficiando naturalmente do poder da máquina e o segundo colhendo os seus reflexos favoráveis – ambos se elegendo com relativa facilidade, nessa visão. Há prazo de sobra para essa costura. E é bom lembrar que Caiado é dono de um estilo de fazer política, digamos assim, sempre se antecipando e prefere agir mais cedo, quando tem a iniciativa sob o seu próprio domínio.