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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

04 ago

A medíocre Assembleia sem virtudes de Bruno Peixoto

Nunca houve uma Assembleia Legislativa tão sem relevância quanto a atual. E essa situação nada exemplar parece ter muito a ver com a instrumentalização radical por cargos e benesses que o presidente Bruno Peixoto impôs ao Poder, com a triste conivência dos pares, instaurando uma espécie de Era da Mediocridade no Parlamento goiano.

No passado, governadores e senadores, o topo dos mandatos majoritários do Estado, eram incubados na Assembleia. Tiveram assentos na Casa: Iris Rezende, Henrique Santillo, Maguito Vilela e Marconi Perillo. O vice-governador Daniel Vilela, que assumirá a titularidade em abril próximo, também foi deputado estadual. E atenção: agora, nem mesmo prefeitos de cidades importantes saltam dali, como Sandro Mabel ou Paulo Garcia, que têm no currículo a passagem por um plenário hoje sem excelência e utilidade para a população.

Dentre as 41 nulidades com assento no prédio megalomaníaco do Park Lozandes, só há aspirantes a sinecuras milionárias como as vagas de conselheiros nos Tribunais de Conta do Estado e dos Municípios ou à reeleição cavalgando as emendas orçamentárias impositivas. Nada mais. Nem um bom discurso de vez em quando nem entrevistas com conteúdo para a imprensa. Redes sociais pífias.

O resultado é que nenhum dos deputados estaduais exibe qualquer credencial, no momento, para sequer sonhar com o governo estadual ou quem sabe um voo mais alto como o Senado. De jeito nenhum. O plantel bem nutrido que habita a Assembleia (plantel: substantivo coletivo criado para designar um conjunto de equinos ou bovinos, mas que é apropriado aqui pela característica comum de irracionalidade) carece de qualidades, aquelas que, antes, justificaram o nascimento ali de lideranças como a maioria dos inquilinos recentes do Palácio das Esmeraldas.

 

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A Assembleia sob Bruno Peixoto tornou-se um Poder sem virtudes, o que é grave. A Câmara Federal, sua congênere nacional, tem os seus defeitos, mas rende para a nação. Ninguém duvida de que passou a ser barreira para o aumento de impostos. E é a arena principal para o debate sobre o futuro do país. Bem ou mal, tudo o que repercute na vida dos brasileiros é de alguma forma trançado dentro da bacia voltada para o céu da Praça dos Três Poderes. Há vultos ilustres lá.

No caso da Assembleia goiana, na desastrosa gestão de Bruno Peixoto, não há exceções para o seu perfil integral de baixo clero, voltado para protagonizar uma  sequência interminável de manchetes negativas, ressaltando sem pudor que a missão abraçada pelos senhores deputados, na sua totalidade, é administrar em proveito próprio um recorde de milhares de cargos comissionados, distribuir emendas para cabos eleitorais, articular vagas nos Tribunais de Contas e garantir uma folha de pagamento que é a primeira dentre todas as Unidades da Federação em matéria de penduricalhos e benesses. E Goiás, onde fica?

 

 

“Despudorada, ostensiva, acintosa, ultrajante … faltam adjetivos”, escreve um leitor deste blog sobre a Assembleia. Mas nem sempre foi assim. O que a gestão de Bruno Peixoto fez com sucesso foi apequenar um Legislativo que tem história, inclusive de resistência democrática, mas abandonou completamente os seus compromissos com Goiás.

No futuro, o preço a ser pago será elevado. Bruno tem cabeça de vereador, não de Goiânia (o que efetivamente foi por inúmeros mandatos, deixando um legado em branco), mas de corrutela. É alguém a quem falta juízo e tutano, que posta fotos desnudo no Instagram exibindo o tanquinho conquistado à base de cirurgias. E seus pares adoram, dando a ele apoio em troca de uma fantástica coleção de privilégios, que incluem até SUVs pretas de R$ 400 mil reais para cada um: são elas que circulam pelo Estado afora ofendendo o povo e denunciando os descaminhos de um Poder e seus integrantes. A que ponto chegamos.