2026 vem aí: conservadorismo é a maior força política e social em Goiás
Não é de hoje que se diz que Goiás é um Estado conservador, a partir das suas raízes agrárias e de uma evolução histórica baseada em uma sequência interminável de governos ideologicamente comprometidos com o pensamento de direita. Algumas exceções, dentre as quais os prefeitos eleitos pelo PT em Goiânia (Darci Accorsi, Pedro Wilson e Paulo Garcia) e em Anápolis (Antônio Gomide, por 8 anos), parecem confirmar essa regra. No entanto, mesmo nessas duas grandes cidades, demograficamente falando, o curso das eleições já foi corrigido: em Goiânia, os últimos pleitos se deram entre candidatos do mesmo campo ideológico – Iris Rezende x Vanderlan Cardoso, depois Maguito Vilela x Vanderlan Cardoso e finalmente, em 2024, Sandro Mabel x Fred Rodrigues, enquanto Anápolis registrou duas derrotas sucessivas para o petista Antônio Gomide.
2026 vem aí com a previsão de mais um embate pelo governo estadual e pelas duas vagas senatoriais exclusivamente entre candidatos direitistas, com possibilidade até mesmo de eleger nomes extremistas, como o deputado federal Gustavo Gayer, do PL, hoje uma hipótese forte para a mais alta Câmara Legislativa do país. Essa é a realidade de um colégio eleitoral com mais de 5,1 milhões de eleitoras e eleitores, pronto para consagrar nas urnas, no ano que vem, um governador, uma dupla de senadores e um novo presidente da República… que não sejam da esquerda, não, nunca, jamais, em hipótese alguma.
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Não existem pesquisas quantificando o índice de conservadorismo da população goiana. Porém, sabemos que é maior que o nacional, a se basear nos resultados das últimas disputas presidenciais. Jair Bolsonaro ganhou duas vezes aqui. Em 2018 e em 2022, quando deu uma surra homérica em Lula, na base de quase 3 x 1 no 2º turno. Isso significa que temas como 1) prisão perpétua para crimes hediondos; 2) redução da maioridade penal; 3) pena de morte; 4) casamento homoafetivo e 5) legalização do aborto possivelmente teriam no Estado uma reação fácil de definir: os três primeiros, a favor, e nos dois últimos quesitos contra. E isso, leitoras e leitores, sem distinção de classes, ou seja, com pobres, ricos e intermediários compartilhando as mesmas opiniões, em sua maioria. Sem falar no peso dos evangélicos, entre 30 e 40% do total de religiosas e religiosos locais que não engolem nem o PT nem Lula nem qualquer progressismo.
Tudo isso se reflete também em composições majoritárias, e muito, de conservadores na bancada federal (3 senadores e 17 deputados federais), na Assembleia Legislativa e nas 246 Câmaras Municipais. Nesses mandatos, só aparecem um ou outro fora do campo reacionário, agora e sempre. Quer dizer: trata-se de uma tendência poderosa, que não deveria ser ignorada pelos políticos que têm pretensões para 2026, quando as plataformas e propostas de campanha serão analisadas por um público não somente de direita, mas predominante hostil diante de qualquer veleidade ideológica à esquerda. O resultado é que petistas e quejandos não têm a menor chance de superar os seus nichos e restam condenados a uma espécie de irrelevância na mesa do poder estadual, sem espaço significativo para se inserir no debate sobre o futuro de Goiás, aliás, tal como hoje. 2026 só vai confirmar esse cenário.