Caiado reclama e classifica como “preconceito” as críticas à legião estrangeira que chamou para o secretariado. Mas como essa opção é incomum e nunca foi tentada, é natural que tenha provocado reações
Em O Popular, neste sábado, o governador eleito Ronaldo Caiado reclama e classifica como “preconceito” as críticas à legião estrangeira que chamou para integrar o seu secretariado – já são seis os nomes de fora convocados, mas, em especial, o que causou mais repercussão foi o da professora e ex-secretária de Educação de Rondônia Fátima Gavioli para a Secretaria Estadual de Educação, escolha que pareceu sem sentido diante de dois fatores: os antecedentes políticos e ideológicos dela e a sua experiência em um Estado onde a Educação é, por tudo, diferente da que existe em Goiás.
Caiado está errado em sua queixa. O que ele chama de “preconceito” é apenas a resposta natural à sua decisão de priorizar quadros estranhos a Goiás para ocupar os principais cargos da sua gestão. Isso é incomum e nunca foi tentando antes no Estado. Governos anteriores, no máximo, chegaram a trazer um ou dois forâneos como auxiliares de proa. E com uma baixa taxa de sucesso. No volume assumido por Caiado, é algo absolutamente inédito e tem os seus significados, o primeiro dos quais a impressão de que ele ou não confia ou não acredita na existência de goianos qualificados para trabalhar em funções importantes na sua administração. Não é de se admirar, portanto, que as reações não tenham se pautado pelo que o novo governador provavelmente esperava e que, em vez dos tradicionais elogios, tenham sido de desconfiança e em certos casos de decepção, visto que haveria talentos no Estado em igualdade ou superioridade de condições.
De resto, as declarações de Caiado sinalizam a sua falta de segurança sobre o caminho que adotou. Pessoalmente, ele não conhecia nenhum dos seis secretários que está importando, tendo se baseado em recomendações de ministros atuais e futuros, colegas do DEM nacional e, no caso de Fátima Gavioli, em sugestão da cada vez mais influente (na Educação brasileira) da Fundação Lemman, organização mantida pelo multibilionário Jorge Paulo Lemann com pretensões de abrir uma fenda liberal no ensino nacionale formar pensadores fora do marxismo das universidades federais.
Mais que escolhas, são apostas que podem ou não dar retorno. E apostas de alto risco.