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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

13 fev

Nomeação do novo procurador-geral de Justiça é teste de fogo para Caiado porque, na lista tríplice, o primeiro nome (o mais votado) é o de Benedito Torres, irmão de Demóstenes, desafeto do novo governador

Já está nas mãos do governador Ronaldo Caiado o ofício do Ministério Público Estadual que informa sobre a lista tríplice constituída, através de eleições diretas em que votaram promotores e procuradores, para a nomeação do novo procurador-geral de Justiça do Estado de Goiás. Caiado deve escolher um dentre Benedito Torres Neto, Carlos Alberto e Aylton Vechi(foto acima, aparecendo da esquerda para a direita Aylton, Benedito e Carlos Alberto), mas não necessariamente aquele que foi o mais votado, ou seja, o atual procurador-geral Benedito Torres.

 

A decisão final embute um teste de fogo para o governador. Benedito Torres é irmão do ex-senador Demóstenes Torres, que já foi aliado e maior amigo de Caiado. Pelas voltas que a vida dá, Demóstenes e Caiado se distanciaram e hoje são inimigos jurados. Não é exagero dizer que os dois, em princípio, não podem se cruzar em uma calçada qualquer sem risco de alguma consequência mais grave.

 

Pela tradição – e é só uma tradição, que não precisa ser respeitada – o governador deveria nomear o primeiro colocado. Sempre foi assim, com exceção de uma única vez em que o então governador Marconi Perillo nomeou o segundo colocado (na época, Saulo Bezerra) e ninguém reclamou. Faz parte do jogo. Nenhum dos três procuradores que integram a lista tríplice de agora tem qualquer óbice no seu currículo, muito menos Benedito Torres, cuja forte formação cristã e perfil humano generoso fazem com que seja uma pessoa de bom relacionamento com todas e sem arestas com quem quer seja, inclusive com Caiado.

 

Mas… e se ele não for o escolhido, quebrando tendência mais do que natural de nomeação do primeiro colocado? Como separar o exercício de um direito legítimo do governador da caracterização de uma vingança mesquinha contra o seu desafeto Demóstenes Torres, usando um irmão para isso? Ao contrário, se Benedito Torres for o escolhido, Caiado cresce em autoridade moral e grandeza. Com tudo isso, o governador só precisa assinar o decreto, não carecendo de dar explicações a ninguém. Estará usando de uma prerrogativa inerente ao seu cargo e ponto final. Que a história julgue o seu gesto, seja qual for.