Crítica de Maguito é correta: Caiado está sem projeto para Goiás e isso é ruim. Mas parar de falar das malfeitorias do passado, aí não. O que se fez de errado tem de ser exposto para nunca mais se repetir

Em uma rara entrevista de uma página ao jornal O Popular, neste domingo, o ex-prefeito de Aparecida Maguito Vilela(acima, na foto do competente Diomício Gomes que ilustra a matéria) dispara críticas acertadíssimas ao governador Ronaldo Caiado, a quem acusa de ainda não ter mostrado o seu projeto para Goiás e conclama a atuar com mais eficiência para tirar o Estado da paralisação. É mais ou menos o que o seu filho Daniel Vilela, que perdeu a eleição para Caiado, vinha dizendo, com um acréscimo: segundo Maguito, Caiado “deveria trabalhar e não ficar chorando e falando no passado”.
Vamos lá: não há como não concordar com a afirmação de que o novo governo ainda não apresentou o que pretende para Goiás. E isso quase seis meses depois da eleição e também quase três meses após a posse. Caiado fala demais, provável cacoete adquirido nos seus longos anos como parlamentar, porém faz pouco, agarrando-se a miudezas como o balanço supostamente positivo das ocorrências policiais no carnaval ou a discussão diária sobre o paga-não-paga dos salários do funcionalismo, com destaque para a pança que os respectivos levaram quanto ao mês de dezembro. Propostas substanciais para o Estado, nenhuma. Medidas concretas para atenuar a crise fiscal do governo, que se alardeia aos quatro ventos, não foram tomadas até hoje – anunciando-se que estão proteladas para abril.
Ponto para Maguito, portanto, muito embora tenha dito o que até as pedras portuguesas da Praça Cívica já sabiam. A penúria de ideias da nova gestão é patente. Ocorre que o ex-prefeito de Aparecida entende ainda que Caiado estaria perdendo tempo ao denunciar o caos financeiro e administrativo que encontrou. Que isso seria improdutivo. Ou seja: que todos os erros (e inclusive crimes, porque os há) dos últimos governos deveriam ser esquecidos e que uma borracha precisa ser esfregada em tudo que houve. Nesse ponto não dá para concordar com Maguito. Apagar o desmazelo e a incúria dos últimos governantes – e Maguito está entre eles – seria faltar com a responsabilidade de quem assumiu o cargo mais importante de Goiás e precisa revelar quem contribuiu e como a situação do Estado chegou a esse grau de calamidade.
De Caiado, espera-se que cumpra o seu dever e a missão que recebeu das urnas, resumida na obrigação de fazer um bom governo. Está incluído aí rasgar a fantasia que foi vendida aos goianos sobre um Estado maravilhoso, navegando em mar de rosas. Não era verdade. Quem não quer que isso seja desvendado é só quem tem culpa no cartório.