Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

29 mar

Que Estado é esse? Goiás bate recorde nacional de de apreensão de malas de dinheiro, sinal de que a capa da revista Carta Capital, no início da abril de 2012, estava correta: “O crime domina Goiás”

No início de abril de 2012, a revista Carta Capital publicou uma ampla reportagem sobre influências criminosas no governo de Goiás, com destaque na capa sob a manchete: “O crime domina Goiás”. A matéria referia-se a peripécias do empresário Carlos Cachoeira, do então senador Demóstenes Torres e do próprio governador, na época, Marconi Perillo, que reagiu, indignado, com um processo contra a publicação.

 

Passados exatamente seis anos, o que se pode concluir é que a Carta Capital foi modesta na sua visão sobre o que estava acontecendo em Goiás. O Estado tornou-se palco de uma série de escândalos envolvendo a administração estadual. Investigações policiais levaram à prisão de eminências palacianas como o ex-presidente da Agetop Jaime Rincón, o ex-presidente da Codego, Júlio Vaz, o então presidente da Saneago José Taveira e uma infinidade de funcionários do governo – e até daquele que está no topo da cadeia alimentar do Tempo Novo, Marconi, que também foi parar no xilindró e só saiu graças a uma liminar do Superior Tribunal de Justiça. Malas e mochilas de dinheiro começaram a aparecer em uma sucessão de notícias impactantes para os goianos, que, aliás, parece não ter fim: nesta semana mais duas foram apreendidas pela Polícia Federal em poder nada mais nada menos que do ex-chefe de gabinete do ex-governador tucano, Luiz Alberto de Oliveira, no desdobramento das apurações sobre um rolo de proporções milionárias na Saneago que tem até as digitais do ex-vice e ex-governador tampão Zé Eliton.

 

Que Estado é esse? O que fizeram com Goiás? A esta altura, já somos líderes nacionais no ranking da corrupção. Só perdemos para os R$ 51 milhões em dinheiro vivo encontrados pela polícia em um apartamento em Salvador do ex-vice-presidente da Caixa Federal Geddel Vieira Lima. Como se sabe, também em malas. Provavelmente, o Rio de Janeiro de Sérgio Cabral também está à nossa frente, mas é só. Somos uma vergonha nacional.