Nada é mais grave, nos primeiros 100 dias de Caiado, que a recontratação de envolvidos em corrupção na Saneago, dois dos quais já tinham sido presos, e um deles na Comissão de Licitação
Nos primeiros 100 dias do governador Ronaldo Caiado, nada supera em gravidade a manutenção e recontratação de funcionários envolvidos em corrupção na Saneago, dois dos quais já haviam sido presos no passado pela mesma operação policial (a Decantação) e o que é pior: um deles como membro da Comissão Permanente de Licitação.
É patente que Caiado não tem nada a ver com esse rolo. Mas ele foi relapso ao não exigir do presidente que nomeou para a empresa, o paranaense Ricardo Soavinski, que promovesse uma limpeza nos escalões superiores ou não, mandando o bom senso que decisões básicas como o afastamento dos implicados em irregularidades em tempos anteriores tivessem sido tomadas logo nos passos inaugurais da gestão. Anotem aí, leitora e leitor: quem é relapso aqui, o é ali também. Imaginem o que pode estar acontecendo em outros setores da administração estadual?
O que o presidente Ricardo Soavinski fez foi readmitir, por exemplo, Robson Salazar, detido pela Polícia Federal em uma das fases pretéritas da Operação Decantação. Outro, com o extravagante nome de Elvys Presley Mendanha (com um ípsilon a mais que o Elvis original), foi confirmado como pregoeiro e membro da Comissão Permanente de Licitação. E mais um, o engenheiro José Vicente da Silva Júnior, foi designado chefe da seccional da estatal em São Luiz dos Montes Belos.
Pasmem, leitora e leitor: tudo isso foi assinado pelo presidente Ricardo Soavinski, que, em três meses de gestão, não apontou um único indicio de irregularidade na Saneago, até que as autoridades da PF e do Ministério Público Federal resolveram intervir, obtendo da Justiça, inclusive, o afastamento cautelar dos funcionários suspeitos. Acrescente-se uma observação oportuna do Jornal Opção: foi na Saneago que a Controladoria Geral do Estado implantou o primeiro sistema de compliance, uma das joias do discurso de Caiado, entretanto ineficaz ao extremo nesse seu teste inicial.
Caso o compromisso do novo governador com o rigor moral e o combate à corrupção estivesse acima de lealdades pessoas e políticas, Ricardo Soavinski teria sido demitido no mesmo dia em que a Operação Decantação 3 foi deflagrada. Ele e a assessoria que trouxe junto do Paraná. Eles, de certa forma, foram permissivos ao manter dentro da companhia nada mais nada menos que uma quadrilha organizada. Soavinski ganhou o cargo porque Caiado, obviamente, não confia em quadros de Goiás. Está provado agora que ele deveria levantar a mesma suspeição em relação a quem vem de fora.