Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

11 abr

Vender a Iquego e sua sucata é mais uma quimera do governo Caiado: o caso é de liquidação urgente e imediata. Já a privatização da Metrobus (com a linha do Eixão, a mais lucrativa do Brasil), é outra estória

O governador Ronaldo Carece parece ter acordado, pelo menos quanto ao destino que precisa ser dado a estatais sem sentido e ineficientes mantidas pelo governo de Goiás, como a Iquego e a Metrobus: a solução é se livras delas. A O Popular, Caiado anunciou que o caso dessas duas companhias públicas é de privatização, evidenciando que, pelo menos quanto a Iquego, desistiu da ideia inicial de tentar reativar a empresa, detentora de um amontoado de máquinas e equipamentos que não passa de sucata e tendo como único atrativo o prédio que possui na saída para Trindade – mais informações aqui.

 

Estado fabricando remédios é um contrassenso no mundo de hoje. Mais de 60 anos atrás, quando a Iquego foi criada pelo então governador Mauro Borges, até havia lógica: o país não tinha uma indústria farmacêutica como a atual, muito avançada. Nas gestões de Marconi, foi feito de tudo para tentar reativar a Iquego, a um custo de milhões em dinheiro público. Não adiantou. No final, foi aberto um leilão para uma venda, mas não houve candidatos. O melhor, portanto, é deixar de alimentar ilusões e liquidar a estatal de uma vez, fechando um ralo que drena preciosos recursos governamentais.

 

Quanto a Metrobus, a conversa é outra. Pelo seu patrimônio físico, ela não vale muita dinheiro. Tem uma frota de ônibus que foi adquirida em 2011 e portanto está perto do prazo de validade de 10 anos, máximo permitido pela legislação do transporte coletivo na região metropolitana de Goiânia. A maioria dos veículos são biarticulados, com baixo preço no mercado de usados. Sem atrativos, portanto. A garagem, também na saída para Trindade, não representa algum valor extraordinário. Mas a empresa conta um ativo de valor incalculável: detém a concessão para a exploração da linha do chamado Eixão, ou seja, 13 quilômetros ao longo da avenida Anhanguera com um movimento diário de 200 mil passageiros – e no Brasil inteiro não há nada que se compare em termos de rentabilidade.

 

Em resumo: o patrimônio da Metrobus importa pouco, o que tem peso é a sua concessão, ainda com 15 ou 16 anos de validade pela frente e com possibilidade contratual de renovação por mais 25 anos. É uma mina de ouro. Colocada em leilão, a depender da formatação da operação, a Metrobus provocará entre os empresários do transporte coletivo o mesmo efeito que um pedaço de filé de boi lançado a lobos famintos. Caiado precisa é andar rápido nesse rumo.