Caiado dá um passo atrás e reduz a influência da primeira-dama Gracinha na área política, que vinha mais atrapalhando do que ajudando o andamento do governo e a relação com a classe política

O governador Ronaldo Caiado decidiu – e comunicou a alguns interlocutores de importância – reduzir a influência da primeira-dama Gracinha na área política, que vinha mais atrapalhando que ajudando a articulação política do governo, maiormente os esforços para a constituição de uma base de apoio na Assembleia , até hoje não formatada, o que coloca no plano da incerteza a aprovação de projetos fundamentais como a segunda parte da reforma administrativa, já entregue ao Legislativo para apreciação.
Mulher de governador interferindo, por exemplo, nas relações com os deputados, é o mesmo que usar gasolina para tentar apagar incêndios. Raramente dá certo e cria situações incômodas, que o bom senso manda que sejam evitadas para o bem de todos e notadamente no caso de um homem de vida austera como Caiado. No Brasil, o histórico de primeiras-damas se metendo na política corresponde aos Estados do nordeste, não por acaso a região mais atrasada do país. Em Goiás, não há registro, pelo menos nos últimos 50 ou 60 anos, de nada parecido com a atuação da atual primeira-dama em todas as frentes do governo. Nem mesmo dona Iris, que inclusive se lançou na política e chegou a se eleger deputada federal, foi tão longe quanto dona Gracinha (que, a propósito, parece também aspirar a uma carreira própria e também disputar eleições).
Ela assumiu, por exemplo, as delicadas funções de recebimento e filtragem das indicações de políticos, principalmente deputados, para cargos no governo. Trata-se de um terreno pantanoso e delicado, ainda mais quando a primeira-dama defende a “nova política”, isto é, que o governador, tendo sido eleito em um processo de mudança, não enverede pelo mesmo caminho fisiológico que torrou o prestígio dos seus antecessores e acabou condenado pelos goianos nas urnas. Além disso, é uma espécie de “segunda” voz da gestão, diante da qual o secretariado e demais envolvidos se quedam indefesos e, de vez em quando, em choque com as ordens do próprio chefe do Executivo.
Caiado resolveu afastar Gracinha mais para preservar a sua família e menos para melhorar a articulação política do governo. É que ele tem ojeriza especial por críticas ou colocações, de políticos ou na mídia em geral, que citam parentes próximos seus em qualquer circunstância, caso do deputado Alysson Lima, do PRB, que bateu o bumbo sobre um evento festivo no Palácio das Esmeraldas promovido pelas filhas do governador e pediu a abertura de uma investigação sobre as despesas a respeito. “Esse está na lista de desafetos de Caiado para sempre” disse a este blog um amigo dos dois.