Desconfiança diante de tudo e de todos, mais o temor de ver o seu nome envolvido em escândalos, leva Caiado a montar um governo repleto de controles internos e 100% dominado pela PGE
Cioso da biografia até hoje imaculada, o governador Ronaldo Caiado não confia nem na própria sombra e de certa forma é pautado como chefe do Executivo pelo temor de vir a ser envolvido em algum escândalo – a partir da derrapada de algum auxiliar ou de um malfeito em qualquer canto do governo. Foi isso que motivou a sua opção por nomes de fora para o seu secretariado, desvinculados dos interesses políticos locais e portanto muito mais fáceis de serem monitorados – só que nem mesmo nesses auxiliares Caiado tem confiança irrestrita. Assim, ele montou um sistema de gestão com inúmeros instrumentos de controle interno, usando a Procuradoria Geral do Estado para estabelecer mecanismos de fiscalização permanentes em toda as pastas e órgãos, além de implantar um serviço de compliance e de fortalecer as estruturas da Controladoria Geral do Estado.
Tem mais. Mais de uma dezena de grupos de trabalho foram criados, alguns até superpostos, para vigiar os secretários e demais titulares de cargos com prerrogativas de decisão financeira. Hoje, para gastar um centavo que seja, é preciso autorização de pelo menos três comissões especiais, em que têm assentos técnicos da Secretaria da Economia e da Secretaria da Administração, juntamente com representantes da PGE. E, para arrematar, foi criado há poucos dias um programa especial para acompanhar a execução das metas de cada área governamental, sob coordenação do vice-governador Lincoln Tejota – que aproveitou para nomear o seu cunhado Deusdedith Vaz para assessorá-lo na missão.
Quem trabalha no atual governo está sendo submetido a um patrulhamento rigoroso, portanto. Delegando à PGE poderes de vida e morte sobre qualquer processo administrativo, especialmente se inclui despesas, Caiado colocou também um procurador do Estado em cada setor do governo. Nas Secretarias e nos demais órgãos, nada caminha sem antes obter a aprovação dessa espécie de sentinela avançada da moralidade. E a CGE também tem que ser ouvida. Todo esse emaranhado de ferramentas de avaliação, é claro, inibe qualquer veleidade no sentido de fazer algo em proveito próprio ou irregularmente, porém colabora para travar os procedimentos e atrasar as soluções demandadas, permitindo que o governador tenha um sono mais tranquilo. A gestão se tornou muito mais lenta que antes e esse é o preço a pagar. Roubar, com Caiado no Palácio das Esmeraldas, vai ser quase impossível.