Sem agenda de mudança, Caiado governa com a mesma estrutura deixada por Marconi e, pior ainda, buscando soluções paliativas (empréstimos) para o desequilíbrio entre receita e despesa.
Não tem nada de mudança no que o governador Ronaldo Caiado mostrou nos seus primeiros meses de gestão – ele acaba de entrar no sexto mês desde a posse e no próximo dia sete completará nove meses contados da data em que foi eleito. Caiado não mexeu com nada que pudesse caracterizar uma guinada radical nos rumos do Estado, conforme a promessa que fez durante a campanha.
Duas reformas depois, a estrutura do Estado continua a mesma. Em vez de suprimir órgãos ou braços administrativos ociosos, que só geram despesas, o novo governador fez foi recriar secretarias (três, de uma tacada só: Agricultura, Cultura e Esporte & Lazer). O Estado permanece como dono de estatais ou repartições que nunca produziram qualquer benefício ou lucro como a Goiás Parcerias, a Codego (antro de corrupção), a Agência ABC (com suas emissoras sem audiência e sem anúncios de rádio e televisão), a Goiás Telecom, a Goiás Gás, a Iquego, um escritório de representação em Brasília (que fica a 180 quilômetros de Goiânia) e muitas inutilidades mais. Tudo isso leva a gastos milionários, principalmente com a montanha de cargos que disponibilizam e que Caiado usou e continua usando para agraciar apaniguados com gordos salários mensais – quer dizer, os “conchavos” políticos que jurou que o seu governo não faria.
Tudo exatamente como Marconi Perillo e Zé Eliton deixaram. E o que é grave, com uma receita menor que a do mesmo período do ano passado. Os programas sociais do Tempo Novo continuam vigorando, sem sequer uma avaliação mínima da oportunidade de cada um. Caiado manteve intactos, também, os incentivos fiscais, responsáveis por uma renúncia fiscal de R$ 8 bilhões ao ano, conforme a secretária da Economia Cristiane Schmidt, valor que não está correto e uma auditoria independente poderia provar, com a maior facilidade, que é muito maior. O resultado é que o desequilíbrio entre o que o Estado arrecada e o que gasta segue elevado, insustentável, tendo como única proposta para o seu enfrentamento a contratação de novos empréstimos (Caiado quer o aval do governo federal para contratar financiamentos junto a bancos públicos e também a liberação de parte dos recursos do FCO para serem tomados pelo governo de Goiás). Isso vai cobrir o rombo, mas temporariamente. É paliativo que passa longe do “dever de casa”. O modelo de governança baseado em déficit e não em superávit, que foi a tônica das administrações do passado, continuará intocável.
Fazer o mesmo governo de Marconi e Zé Eliton, sem os dois, não vai dar certo.