Política ambiental de Caiado é muito pior que a de Bolsonaro e traz retrocessos que vão custar caro no futuro, principalmente com a destruição da bacia do rio Meia Ponte e a inviabilização do seu potencial aquífero
Não tem comparação: a política ambiental que o governador Ronaldo Caiado sorrateiramente está implantando, nos seus poucos meses de gestão, escancarando as portas para a devastação da bacia hidrográfica do rio Meia Ponte e inviabilizando o seu potencial para o abastecimento de água da Grande Goiânia, é muito, mas muito pior que a do presidente Jair Bolsonaro – os dois, Caiado e Bolsonaro, são declaradamente defensores dos interesses do agronegócio e pouco se lixam para a conservação da natureza, porém o governador goiano mostra uma ousadia que o chefe da nação está longe de ter.
Cerca de 50% da população goiana vive na bacia do Rio Meia Ponte, sendo que suas águas são utilizadas para irrigação de lavouras, abastecimento e lazer. É um dos principais afluentes do Rio Paranaíba. Nasce no município de Itauçu e margeia Santo Antônio de Goiás, Brazabrantes, Goiânia, Goianira, Mova Veneza, Inhumas, Itauçu, Aparecida de Goiânia, Bela Vista, Senador Canedo, Pontalina, Aloândia, Joviânia, Goiatuba e Panamá. São 470 quilômetros da nascente à foz no rio Paranaíba, no município de Cachoeira Dourada
Caiado é radical: de uma penada só, revogou todas as regras que tentavam conter ou pelo menos disciplinar a instalação de novos empreendimentos na bacia do Rio Meia Ponte, livrando produtores rurais e empresários industriais de qualquer cuidado com o curso d’água, como, por exemplo, o afastamento mínimo de mil metros em relação ao leito do rio e de duzentos metros em relação ao leito dos afluentes. Também dispensou a exigência de estudos e relatórios de impacto ambiental, além de decretar que não é mais necessária a aprovação prévia do Conselho Estadual de Meio Ambiente para projetos rurais e industriais na região.
Isso é muito grave. O presidente Jair Bolsonaro não mudou nada na regulamentação federal e no sistema de fiscalização na área do meio ambiente. Por enquanto, ficou exclusivamente no discurso. Caiado, não. Ele simplesmente acabou com os mecanismos legais, quanto a esfera de competência do Estado, para a proteção da bacia do Meia Ponte e a transformou em uma espécie de terra sem lei. Ali, a partir de agora, vale tudo.