Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

01 jul

Caiado completa 6 meses de governo e 10 meses desde a eleição(1): até hoje sem agenda e projeto de futuro, está fragilizado politicamente e continua aferrado ao tema único das dificuldades financeiras

Vejam só, leitora e leitor: o tempo parece estar passando com rapidez. O governador Ronaldo Caiado acaba de completar seis meses de governo (e, no próximo dia sete de julho, dez meses desde que foi eleito) até hoje sem um agenda para incrementar o seu mandato além dos fatos pontuais e, pior ainda, sem um projeto de futuro para os goianos.

 

Reconheçamos: Caiado esforça-se o quanto pode para vender a imagem de uma gestão atuante e inovadora. Mas, infelizmente, tem pouco para mostrar. Para marcar os seis meses, vai se limitar a uma entrevista coletiva em que, mais uma vez, comemorará os índices de criminalidade obtidos na área de segurança, que, na verdade, como revelou uma boa reportagem de O Popular, há poucos dias, já vinham caindo desde o ano passado e mantiveram a tendência neste semestre. E o que mais? Só a conversa monótona e já cansativa sobre as dificuldades financeiras do Estado, que, sim existem, mas estão longe de caracterizar uma insolvência ou de justificar o decreto de calamidade assinado pelo governador, uma aberração jurídica de uma inutilidade acachapante.

 

Nestes seis meses, ficou claro também que Goiás tem um governante que fala demais e por isso acaba menor a cada dia. Ao tomar posse, Caiado, textualmente, afirmou: “Usarei o conhecimento e prestígio que tenho junto ao governo federal para resolver os problemas de Goiás”. O tempo passou e esse tal trânsito nacional funcionou apenas para fotos sorridentes com o presidente e alguns ministros, porém nada produziu de concreto, apesar da insistência do governador em marcar datas que sempre terminavam adiadas – a medida provisória que autorizaria o Estado a meter a mão no FCO nunca saiu do plano das intenções e o socorro federal acabou resumido a um projeto de lei complementar no momento encalhado no Congresso.

 

Como o recurso ao seu imaginado “prestígio” falhou redondamente, Caiado recorreu à Justiça e obteve uma liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes que tornou o cenário do Estado mais confuso ainda. Nem certeza de que as parcelas da dívida terão o pagamento suspenso por seis meses existe mais, diante dos termos confusos em que a decisão está redigida e pela inevitável má vontade que gerou junto à Secretaria do Tesouro Nacional, onde, como se sabe, por critérios técnicos, Goiás não se enquadra no Regime de Recuperação Fiscal. O imbróglio está no momento nas mãos da Assembleia, onde se discute uma lei para autorizar o Estado a aderir ao RRF, algo que não é exigido pela legislação e que caminha para se transformar em um problemão para Caiado – que não tem maioria segura na Casa, enfrentando entre os deputados derrotas sucessivas quanto aos seus interesses. Tudo, mas tudo mesmo, com um sabor acentuado de improvisação.