Aécio Neves será julgado pela comissão de ética do PSDB e provavelmente será suspenso do partido até que comprove a sua inocência, abrindo um precedente perigoso para Marconi
O PSDB nacional instala a qualquer momento a sua primeira comissão de ética, tendo como agenda inicial o julgamento do ex-presidenciável Aécio Neves – que hoje é acusado de corrupção em inúmeros processos policiais e judiciais e tem o seu desligamento do partido defendido pelo poderoso diretório estadual de São Paulo e mais uma ala expressiva dos tucanos.
Há para o ex-governador Marconi Perillo um precedente perigoso na situação de Aécio Neves: as medidas eventualmente aplicadas ao mineiro, servem com perfeição para o goiano, igualmente denunciado pela prática de ilegalidades em quase 15 processos, alguns de caráter criminal. O que se espera é que a comissão de ética do PSDB recomende a suspensão temporária de Aécio Neves, até que se comprove a sua inocência, se for o caso. Com a lentidão característica da Justiça brasileira, isso pode durar anos e anos – transformando, na prática, a suspensão em uma espécie de expulsão disfarçada.
Marconi está correndo um sério risco, portanto. Ele e o também ex-governador do Paraná Beto Richa. Ambos estão enrolados em casos relacionados com propinas e ações de improbidade administrativa. Os dois chegaram até a ser presos, o que não aconteceu com Aécio Neves, que, mesmo assim, está na mira e passou a ser considerado como alguém que deslustra os quadros do PSDB.
O ex-governador goiano tem bom relacionamento na cúpula nacional tucana. É amigo e protegido, por exemplo, do governador de São Paulo João Dória e do ex-presidente Fernando Henrique. Mas Dória é a favor de uma faxina ética capaz de remover personagens tóxicas do partido. FHC, não. Ele é contra a caça a bruxas ora em andamento no PSDB. Aparentemente, há maioria pela punição – correspondente a algum tipo de expulsão ou alijamento – de todos os enrolados ou identificados com irregularidades.
Nuvens negras se acumulam no futuro político de Marconi, portanto. Ele pretende se candidatar a deputado federal em 2022 e, é claro, conta com o respaldo do PSDB goiano, que, por enquanto, é a expressão da sua vontade e nada mais faz do que defender os seus interesses. A desfiliação compulsória, imposta de cima para baixo, seria um desastre sem tamanho.