Base de apoio na Assembleia com 31 deputados, formatada por Caiado, é inédita: nem Marconi ou Iris, nos seus melhores momentos, tiveram uma margem de segurança tão grande para aprovar projetos
Submetida a dois testes e aprovada em ambos com louvor, a base de apoio parlamentar ao governador Ronaldo Caiado está fechada com 31 deputados – maioria provavelmente inédita na história da Assembleia e significativa a ponto de permitir uma constatação importante: antecessores de Caiado como Marconi Perillo e Iris Rezende, que governaram Goiás com mão forte, jamais chegaram a usufruir de uma margem de segurança tão folgada para garantir aprovação legislativa para os seus projetos.
A nova base teve como marco inaugural as votações expressivas que foram atribuídas a duas matérias polêmicas, a PEC que reduziu a vinculação constitucional de recursos para a Educação e a lei que autorizou o acesso do Executivo a R$ 1,8 bilhão ou 75% dos depósitos judiciais. Houve muita discussão, alguma controvérsia mesmo, gastou-se um bom tempo, mas, no final das contas, o aval da Assembleia veio através de 29 a 30 votos favoráveis – a base chega a 31 porque houve um ou dois deputados que não se manifestaram, embora ostensivamente ligados ao governo do Estado.
Detalhe crucial na formatação da bancada caiadista foi a atuação pessoal do próprio governador, que pela primeira vez se envolveu pessoalmente nas articulações com os deputados, reduzindo o peso de articuladores como o secretário de Governo Ernesto Roller. É fato: Roller participou, mas os números daqui para a frente definidos para o jogo político na Assembleia não tiveram grande relação com a atuação dele, que saiu enfraquecido diante da interferência direta de Caiado junto aos parlamentares estaduais – com um vantagem adicional, qual seja o golpe aplicado na oposição, que teve três dos seus membros cooptados para as fileiras governistas (Diego Sorgatto e Sebastião Caroço, do PSDB, e Coronel Adailton, do PP).
A organização, ao que parece definitiva, da base de sustentação ao Palácio das Esmeraldas quanto aos seus interesses na Assembleia tem uma consequência da maior relevância: transmite, para a sociedade, a certeza de que o governo Caiado está articulado e pronto para implantar as difíceis reformas que tem pela frente, necessárias para a superação do modelo de Estado baseado no desequilíbrio entre receita e despesa e dar um ponto final para a crise fiscal em Goiás.