Base que Caiado formatou na Assembleia não é só para dar respaldo legislativo ao governo, mas também para derrotar a reeleição de Lissauer – projeto que conta também com o grupo de Iso Moreira
A base de apoio integrada por 31 deputados que o governador Ronaldo Caiado – com um grande esforço inclusive de natureza pessoal – formatou na Assembleia não tem unicamente o objetivo de garantir a aprovação das matérias de interesse do Palácio das Esmeraldas. Há uma outra intenção, embora ainda disfarçada: derrotar, no momento oportuno, a tentativa de reeleição do atual presidente Lissauer Viera, contra quem persistem e não vão desaparecer os ressentimentos de Caiado e do grupo que o cerca.
Lissauer Vieira impôs duas duras e inesquecíveis derrotas ao governo: primeiro, elegeu-se presidente tratorando o nome que Caiado queria para o lugar, o do deputado Álvaro Peixoto; segundo, aprovou, contra as manobras desesperadas de articuladores caiadistas como o secretário de Governo Ernesto Roller e o líder Bruno Peixoto, uma emenda constitucional que permite a sua reeleição. Isso é para sempre: ele, Lissauer, jamais será da confiança palaciana, não sendo política e estrategicamente recomendada a sua presença nas eleições de 2022 ocupando uma função tão importante e decisiva como a de chefe do Poder Legislativo – do ponto de vista do caiadismo, claro.
Inocentemente, Lissauer Vieira comemorou através de declarações aos jornais a organização da base de apoio a Caiado na Assembleia, que seria, segundo a sua visão, um avanço e uma espécie de “pacificação” das relações entre a Alameda dos Buritis e a Praça Cívica. Ledo engano. Ao montar um time de deputados capaz de aprovar qualquer coisa no plenário, o governador ganhou também uma máquina de guerra cuja finalidade maior, daqui a um ano, quando o próximo presidente será escolhido, é garantir um nome da sua confiança sentado na cadeira onde, hoje, está acomodado Lissauer Vieira – aparentemente tranquilo por ignorar o fogo pesado de artilharia que será disparado contra ele.
Para isso, Caiado está afagando o deputado Iso Moreira, que lidera um grupo informal de nove colegas, incluindo ele, o qual está sendo visto como uma espécie de semente para a maioria que futuramente se empenhará na eleição de um nome afinado com o governo e que, mais ainda, represente a recuperação de um prejuízo inestimável para a reputação do próprio governador e à altura de oferecer uma compensação para a humilhação que foi a vitória de Lissauer Vieira sobre a vontade do Palácio das Esmeraldas.
Em resumo: a “pacificação” que o presidente da Assembleia ingenuamente festejou é, na verdade, o começo do seu fim.