Empresários abrem ofensiva para tentar manter incólume a política de incentivos fiscais, que, se já foi boa para desenvolver Goiás, agora perdeu a eficácia e precisa ser mudada urgentemente
Está em andamento uma verdadeira ofensiva do grupo de empresários beneficiados pelos incentivos fiscais em Goiás – eles são donos de exatamente 534 grandes indústrias detentoras de privilégios para não pagar nada ou pagar pouco em matéria de ICMS, o principal tributo para quem produz em Goiás e que não perdoa micros, pequenos e médios empreendedores.
O herdeiro do grupo Novo Mundo, Carlos Luciano Martins Ribeiro, por exemplo, publicou artigos em O Popular e no Diário da Manhã defendendo a manutenção dos benefícios tributários distribuídos a torto e a direito nos últimos 20 anos, o que transformou Goiás no segundo Estado que mais abre mão de arrecadação em favor dos empresários de maior porte (só perdemos para o Amazonas).
Vejam bem esse detalhe, leitora e leitor: o grupo Novo Mundo é distribuidor e revendedor de móveis e eletrodomésticos. Não fabrica nada. Mesmo assim, foi favorecido com uma violenta redução da sua carga de ICMS, que outros varejistas são obrigados a pagar normalmente. Da mesma forma, o setor sucroalcooleiro, que, aliás, foi mais longe e passou a ameaçar o governador Ronaldo Caiado com o fechamento das usinas de processamento de cana no Estado, caso se mexa nas suas vantagens fiscais. Representantes do setor estiveram na Assembleia para pressionar os deputados da CPI dos Incentivos Fiscais e também se desdobraram em entrevistas e matérias na imprensa estadual, pregando a manutenção das suas regalias como indispensável para o desenvolvimento de Goiás.
Não é só. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás Sandro Mabel também saiu a campo, depois que apareceu um coro de reclamações contra a omissão dele no debate sobre a festa com as isenções de ICMS. Mabel é radical: nas suas declarações, garante que não haveria indústrias em território goiano não fora a ajuda dos incentivos fiscais. Mais ainda: se elas forem revogadas ou reduzidas, essas indústrias se mudariam para outras regiões do país no dia seguinte. A chantagem se repete.
Porém, tem muito exagero em tudo isso. Um verdade é incontestável: a secretária da Economia Cristiane Schmidt está certa quando afirma que a distribuição desbragada de incentivos fiscais é uma estratégia superada e que, por isso, precisa ser reavaliada a curto prazo. É evidente que, para isso, não se pode contar com os empresários. Ninguém larga o osso espontaneamente.