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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

24 set

Jânio Darrot perdeu a credibilidade como presidente do PSDB ao ser leniente com a adesão de Diego Sorgatto a Caiado e, agora, também por falhar em trazer Jovair Arantes para o ninho tucano

Imposto pelo ex-governador Marconi Perillo, com a missão primordial de manter o controle do chefe tucano sobre as verbas partidárias (valiosíssimas em tempo de vacas magras para quem foi lançado às amarguras da oposição), o presidente estadual do PSDB Jânio Darrot perdeu fôlego no primeiro teste a que foi submetido – quando o deputado estadual Diego Sorgatto, um dos seis da bancada da sigla na Assembleia, acertou seu ingresso na base de apoio ao governador Ronaldo Caiado, logo no início do ano.

 

Quando os demais deputados do PSDB começaram a reclamar da adesão de Sorgatto que inclusive é candidato a prefeito de Luziânia, Jânio Darrot saiu em sua defesa. Não admitiu sequer examinar o caso no conselho de ética do partido. Disse que era preciso respeitar a decisão do deputado e que não haveria nenhum óbice para os seus projetos eleitorais no ano que vem. O prefeito de Trindade quis dar uma de bonzinho e conciliador. O que fez, entretanto, foi sinalizar leniência e mostrar que estava sendo pusilânime. Essas características jamais contribuiriam, como não contribuíram, para reforçar a imagem de um dirigente de partido de oposição, menos ainda o principal nesse campo político em Goiás.

 

As consequências não demoraram a chegar. O caso Diego Sorgatto abriu uma porteira difícil de fechar. Há outros deputados tucanos na Assembleia em aproximação com o Palácio das Esmeraldas, um deles, Sebastião Caroço, já anunciando ostensivamente que vai deixar o PSDB e até debochando publicamente do comando Jânio Darrot. Pior: ao perder o comando do PTB e ficar sem partido, Jovair Arantes e seu filho deputado estadual Henrique deveriam naturalmente percorrer o caminho de volta ao ninho tucano, de onde são originários, mas preferiram buscar o MDB – que não abre mão, sob o controle de Daniel Vilela, de atacar o ex-governador Marconi Perillo e repudiar qualquer aceno ao PSDB. Mais um formidável fiasco para marcar a gestão de Jânio Darrot na presidência dos tucanos estaduais.

 

Há que se reconhecer: ninguém esperava que Jânio Darrot fosse comportar de modo diferente no cargo partidário para o qual foi designado por Marconi. Ele não é de enfrentamentos. E sua missão não tem nada a ver com o reerguimento do PSDB em Goiás ou qualquer coisa parecida, mas apenas atender o ex-governador na administração das preciosas verbas que caem todos os meses nos cofres do diretório estadual e são um alento em tempos difíceis. Jânio Darrot é só isso, um homem da confiança estrita de Marconi, mais nada.