Já são 8 operações da Polícia Civil contra a quadrilha que agia na prefeitura de Formosa, fraudando licitações e roubando milhões na época de Ernesto Roller. Como é que ele não sabia de nada?

Ernesto Roller, atual secretário de Governo, foi prefeito de Formosa por 24 meses, nos anos de 2017 e 2018. Nesse período, a prefeitura comandada por ele foi tomada por uma quadrilha formada por secretários municipais, funcionários e empresários da cidade, que fraudavam licitações e pregões eletrônicos, apropriando-se irregularmente de milhões de reais.
Oito operações da Polícia Civil já foram realizadas, prendendo envolvidos e desbaratando um dos maiores esquemas de corrupção já montado em um município goiano. Nesta quarta, 25 de setembro, aconteceu exatamente a oitava, ou seja, foi deflagrada a Operação nº 8, com um esquadrão formado pela Polícia Militar e por agentes da polícia civil invadindo a prefeitura e empresas locais, para apreender documentos e fazer a detenção de funcionários e empresários envolvidos nas falcatruas. Os crimes em apuração, mais uma vez: fraude em licitações, falsidade ideológica, superfaturamento de preços, uso de documento falso e lavagem de dinheiro.
Anotem aí esse importante detalhe, leitora e leitor: todos os fatos ilícitos aconteceram durante os dois primeiros anos de Ernesto Roller como prefeito. Como se sabe, ele renunciou o mandato em janeiro deste ano, para assumir a Secretaria de Governo e o papel de articulador político do governador Ronaldo Caiado, no qual notoriamente não se saiu bem, dado aos problemas enfrentados com a Assembleia e às reclamações generalizadas entre deputados e prefeitos. Não é à toa que, a cada operação policial em Formosa, o secretário se enfraquece como um foco de tensão dentro de um governo chefiado por um político notabilizado pela intransigência com a corrupção e os malfeitos com o precioso dinheiro do contribuinte.
Nessa estória, alguns detalhes incomodam. Dois dos secretários que serviram durante o período de Roller como prefeito de Formosa desfrutavam tanto da sua confiança que foram levados para a Secretaria de Governo, em cargos de destaque: o ex-secretário de Obras Jorge Saad Neto foi nomeado superintendente executivo da Segov e o ex-secretário de Finanças Luis Gustavo Nunes de Araújo, conhecido como Guto, ocupava a chefia a de Gabinete. Alvo das investigações policiais da prefeitura, tiveram de ser demitidos. Roller, como visto, continuou e está até hoje como titular da pasta. Uma façanha, já que se trata do governo de Caiado, um dos políticos mais intolerantes com a corrupção da história do país.