Mais um feriado em Goiânia – com todo respeito à Consciência Negra – é um crime contra quem produz e já convive com os prejuízos do excesso de dias parados no Brasil
Onde é que está com a cabeça o presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia, Romário Policarpo, ao propor a instituição de mais um feriado em Goiânia – o Dia da Consciência Negra, a ser “comemorado” em 20 de novembro – e apregoar que, para essa finalidade, já conta com o apoio do prefeito Iris Rezende – comprometido, segundo ele, a sancionar a data assim que for aprovada pela Câmara.
Se Romário Policarpo tivesse consciência (sem trocadilho), deveria saber que feriados são prejudiciais para todos, patrões e empregados. Reduzem os negócios e desaceleram a economia, ainda mais em um país que já padece sob um excesso deles, muitos inerentes à visão católica do mundo, como a sexta-feira santa, o dia de corpus christi e a padroeira de Goiânia, em particular. Nada disso tem sentido em um realidade que caminha cada vez mais rápido em direção à racionalidade econômica e de repente é obrigada a fazer pausas para atender a causas que sequer são do conhecimento das maiorias.
A agenda da Consciência Negra é justíssima. Mas não depende, nem um pouco, de feriados e da paralisação das atividades em qualquer lugar que seja, mas de um efetivo reconhecimento das injustiças históricas praticadas contra os negros e de medidas, como as cotas, para a sua superação. Pisou na bola, Romário Policarpo. Se quiser honrar a raça, faça o melhor que puder como político, seja honesto, correto e equilibrado – e isso não inclui instituir o Dia da Consciência Negra. Não dá para acreditar que Iris Rezende vai entrar nessa.