Como é que uma empresa de porte mundial como a Enel, assessorada pelo presidente da OAB-GO, ousa ameaçar deputados estaduais e até o presidente da Assembleia?
Pelo seu comportamento atabalhoado e pouco afeito a qualquer cartilha mínima de administração de crises, a Enel Distribuição, uma empresa de porte mundial, assemelha-se em Goiás a um empreendimento qualquer, tipo fundo de quintal. Sem noção de comunicação e obviamente sem nenhum assessoramento sequer de relações públicas, o que seria a sua obrigação dada a amplitude do seu cadastro de clientes, a companhia mandou um ofício para o presidente da Assembleia Lissauer Vieira e para o líder do governo Bruno Peixoto, ameaçando os dois de que serão responsabilizados pessoalmente “por todas e quaisquer perdas e danos e prejuízos, diretos e indiretos” que “venha a sofrer em decorrência da rescisão do contrato de concessão e encampação do serviço de fornecimento de energia elétrica no Estado.
Bruno Peixoto rasgou o ofício, tão logo o recebeu, em plena tribuna da Assembleia. seguido por Lissauer Vieira, também da tribuna. É um acinte praticado pela Enel, um gesto injustificável, que deixa clara a sua arrogância e também consciência de que não tem satisfações a dar nem está interessada, verdadeiramente, em melhorar a sua atuação junto ao seu imenso público consumidor.
Mas o ofício, infeliz como poucas vezes se viu no relacionamento entre uma empresa privada e o Estado, também teve o condão de demonstrar que a Enel sentiu o golpe representado pelas ações que estão sendo adotadas para se chegar à cassação da sua concessão, tanto em Goiás quanto em Brasília – onde o deputado Elias Vaz deu sinal de vida ao apresentar uma proposta de Decreto Legislativo, na Câmara Federal, determinando a caducidade da concessão.
Para piorar as coisas, o advogado da companhia, em Goiás, é nada mais nada menos que o presidente da OAB-GO Lúcio Flávio de Paiva, que imprudentemente aceitou um cliente que tem contra si as correntes majoritárias da sociedade e, portanto, não deveria ser defendido por quem está investindo em um cargo de irrenunciável autoridade política e social, do ponto de vista coletivo. O ofício que tenta intimidar a Assembleia parece ter sido produto de um raciocínio jurídico, dado aos seus termos (na verdade, é uma notificaçãoo extrajudicial), e portanto tem a digital de Lúcio Flávio, que, sendo assim, orientou mal o seu freguês. Não se pode aceitar nada disso, de jeito nenhum, e é preciso uma reação ainda mais forte contra Enel e seus sicários.