Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

11 jan

Superedição de fim-de-semana de O Popular é um fiasco que apenas antecipa a sua morte precoce e mostra que os seus profissionais são incapazes para fazer um jornal à altura de Goiás

Neste sábado, 11 de janeiro, circulou mais uma superedição de O Popular, nome faustoso que o supostamente veículo de comunicação mais importante do Estado arrumou para disfarçar a humilhante decisão de não mais circular aos domingos, por resultar apenas em prejuízos e sem nenhuma compensação empresarial. Quem leu percebeu que não existe nada de “super” e que a edição é mais uma da triste rotina de decadência que o jornal da família Câmara vem cumprindo há anos, deixando de evidenciar capacidade de reação e de estar à altura de Goiás. O que foi entregue ao público não pode ser definido com outra palavra senão… uma porcaria, que se reporta até a notícias sobre previsões futurológicas, algo sem o menor cabimento e totalmente desprovido de seriedade.

A desculpa de que a imprensa em papel está morrendo, vítima da internet e das redes sociais, não é válida para O Popular. Vejam, leitora e leitor, o exemplo da Folha de S. Paulo, que evolui sem parar e mostra vigor para sobreviver em um mundo dominado pela velocidade dos meios midiáticos online. A Folha de S, Paulo vem aumentando o seu espaço e prestígio junto à opinião pública, tanto fortalecendo o seu conteúdo como inovando quanto aos seus aspectos formais. Exatamente o contrário do que acontece com O Popular e, de resto, com os seus congêneres Diário da Manhã e O Hoje, que não passam de simulacros ou modelos vencidos de jornalismo em formato impresso.

Mas a culpa por esse estado de coisas, se, em grande parte, tem a ver com a ausência de visão dos donos desses veículos, é também dos jornalistas que os produzem. Inventou-se em Goiás um modelo de noticiário diário que despreza o feecback intelectual e se limita à construção de um texto nem sempre claro e quase sempre pobre. O Popular foi mais longe ainda: adotou a omissão como regra, escondida atrás de uma neutralidade que não vale um tostão furado. Isso ficou claro quando, durante dois meses, o projeto de reforma da previdência dos funcionários estaduais tramitou na Assembleia como um dos movimentos mais importantes da história administrativa e econômica do Estado, sem que o jornal pelo menos minimamente manifestasse o seu ponto de vista – tudo isso com a conivência da redação de O Popular, que não foi orientada para evitar se posicionar pelos escalões superiores da empresa, se escafedendo infelizmente por conta própria. Isso está claro.

Que a imprensa em papel vai morrer um dia, não muito distante, é algo óbvio. Mas, em Goiás, isso está ocorrendo de forma prematura. A ridícula superedição de fim de semana O Popular é a maior evidência desse óbito anunciado.