37 dias depois de registrado o 1º caso de contaminação pela Covid-19 em Goiás, O Popular não se definiu se é a favor, como aponta a ciência, ou contra a quarentena, como se posiciona a FIEG
Equilibrando-se em cima do muro entre os que defendem a quarentena contra o coronavírus como prioridade necessária para salvar vidas e os que querem o seu fim ou suavização para tentar dar algum fôlego à economia e tentar preservar empregos e renda para a população, O Popular tornou-se o único veículo de comunicação do país, de alguma importância, a não orientar expressamente suas leitoras e seus leitores sobre a melhor resposta para esse falso dilema: não existe a menor dúvida de que é melhor, é conveniente, é correto ficar em casa e deixar para depois quaisquer outras decisões.
Até hoje, sábado, 4 de abril, 37 dias depois que foi registrado em Goiás o primeiro caso de contaminação pela Covid-19, o jornal não deu a sua opinião sobre essa polêmica que não tem nenhum sentido e já foi resolvida pela grande imprensa brasileira, unânime a favor das medidas de restrição à movimentação de pessoas – de resto consenso entre a comunidade científica mundial, mas mesmo assim contestada como gente como o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás – FIEG, o tétrico Sandro Mabel, cujo falatório contra o isolamento social ganhou amplo espaço, só que não mereceu até agora uma única virgulazinha colocada por O Popular.
O jornal, acaciano nos seus editoriais, continua omisso, dentro da teoria furada de que o bom jornalismo deve se limitar a veicular as posições de cada um, contra e a favor, e não se manifestar. Nem em tempos de normalidade isso deveria ser a regra de um portavoz da comunidade com o suposto peso de O Popular, que se propõe ao papel de instituição em Goiás. No emergência do coronavírus, comete assim um equívoco maior ainda e e assume um triste papel de fuga diante das suas responsabilidades.