300 mil abstenções, nenhum debate entre candidatos e doença de Maguito descaracterizaram totalmente a eleição para prefeito de Goiânia
Goiânia nunca teve uma eleição municipal tão atípica quanto a atual. No 1º turno, foi batido o recorde histórico de abstenções: 300 mil eleitoras e eleitores não apareceram para votar. Ou seja: mais de 30% dos inscritos, o 3º maior percentual de não comparecimento dentre todas as capitais brasileiras. Enquanto isso, o grande número de candidatos inviabilizou os debates, adiados para o 2º turno, quando apenas Maguito Vilela, do MDB, e Vanderlan Cardoso, do PSD, os dois classificados, se enfrentariam e dariam para a população uma amostra do preparo que têm e do que pensam para o futuro da capital, mas… não está acontecendo nem vai acontecer, exatamente em razão da ausência de Maguito, internado em estado grave na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Esses três fatores inusitados – abstenção elevada, zero debates e Maguito hospitalizado – descaracterizaram totalmente o processo de escolha do no novo prefeito de Goiânia.
E é irreversível. Faltam apenas sete dias para o comparecimento às urnas e nada mais pode ser feito. A recusa ao voto deve aumentar, com o reincremento da pandemia que os meios de comunicação confirmam numericamente a cada dia. E Maguito não receberá alta tão cedo nem se recuperará a tempo de mostrar a cara e participar de debates com Vanderlan. Provavelmente nem mesmo para assumir o mandato, se vencer no dia 29 de novembro.
Não há como não concluir: ninguém pode traçar hoje, com um mínimo de certeza, o que está reservado para a gestão administrativa de Goiânia nos próximos meses e talvez anos. Iris Rezende, apesar de toda a propaganda, vai deixar um legado difícil: há dívidas pesadas a serem pagas já em 2021, mediante juros caríssimos, e praticamente todas as suas principais grandes obras adentrarão em atraso no ano que vem, quando a expectativa criada pelo Paço Municipal era a de que seriam inauguradas ainda neste ano. Quase nada do recapeamento prometido das ruas foi feito. Quatro dos maiores projetos de infraestrutura iniciados por Iris estão longe de acabar: Terminal Isidória, BRT, trecho da avenida Leste-Oeste e o complexo viário da avenida Jamel Cecílio. Há um gravíssimo déficit de vagas na educação infantil municipal, prejudicando as mães trabalhadoras de Goiânia. Tudo isso, enfim, não é para amadores. Mas é nas mãos de quem pode terminar.