Quatro dos deputados federais goianos que votaram a favor do voto impresso mostraram falta de consciência sobre a manipulação da tese e aceitar servir aos interesses obscuros do bolsonarismo
O voto impresso é uma ilusão, quanto aos seus efeitos práticos. Mas uma malandragem a mais de Jair Bolsonaro, para se prevenir desde já da derrota que se desenha em 2022 e criar condições para mais uma vez tumultuar o ambiente institucional do país. Mas, mesmo assim, alguns deputados federais de Goiás, nove para ser exato, acataram a ideia e votaram a favor da PEC derrotada que o instituiria, na Câmara Federal.
Entre esses nove, estão figuras tenebrosas da direita bolsonarista das quais não se poderia esperar nada melhor. Gente como Magda Mofatto e Major Vitor Hugo, sem compromisso com a História e voltados para a defesa dos interesses cegos da ideologia confusa do presidente. São políticos da obscuridade, nada a surpreender. Mas o que importa a considerar é que, dentre os restantes, há alguns que deveriam ter compromisso com a democracia e com as luzes, entendendo que estava em consideração uma questão de fundo muito além de um mero desenho técnico sobre a urna auditável, o que é, ou não.
Cito, dentre esses, Francisco Jr, Zacharias Calil, José Mário Schreinner e Célio Silveira. De João Campos, Glaustin Fokus e Prof. Alcides não se poderia esperar grande coisa, já que parlamentares de pouca formação intelectual e política, voltados para o dia a dia miúdo da sobrevivência individual e das suas pequenas causas, evangélicas os dois primeiros, e de horizonte limitado, no caso do terceiro.
Francisco Jr, Zacharias Calil, José Mário Schreinner e Célio Silveira não deveriam se prestar a massa de manobra do bolsonarismo, como o fizeram alegando não ter comprometimento com o presidente, mas acatar o voto impresso por entender que seria mais convenientes para a transparência das eleições. Ou, como fez Francisco Jr, porque, em um contexto anterior, foi a favor, quando não havia ainda a abordagem utilitária para os interesses escusos de Bolsonaro.
O voto impresso, na conjuntura em que foi levado à votação na Câmara, não era só o voto impresso, mas o apanágio do golpe futuro, da transformação do Brasil em Venezuela, hoje tarefa de Bolsonaro, não de Lula e do PT. Foi, na realidade, um desvirtuamento, com o acolhimento desses quatro parlamentares federais – para decepção dos seus eleitores e da opinião pública. Era dever deles, desses quatro deputados, ajudar a derrotar a PEC por uma maioria acachapante. Não o fizeram e falharam com as expectativas a respeito do bom caminho que deveriam ter trilhado.