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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

06 ago

Mendanha, se perder a eleição, não será apenas derrotado, porém aniquilado e praticamente condenado a desaparecer da política estadual, enquanto Major Vitor Hugo tem chances de sobreviver

Dos três principais candidatos oposicionistas a governador, o ex-prefeito Gustavo Mendanha é o que corre o maior risco: se perder, não será apenas derrotado, porém aniquilado politicamente – já que será despejado na planície, sem possibilidade de disputar as eleições municipais de 2024 (foi prefeito por duas vezes e, portanto, é inelegível inclusive em Goiânia, candidatura que chegou a cogitar) e sendo obrigado a aguardar 2026 para tentar um mandato estadual ou federal, dificilmente em condições de arregimentar apoio para uma nova aventura majoritária, que mesmo por ora não alcançou.

Tudo isso quer dizer que o prejuízo de Mendanha será enorme e terá potencial para cortar a sua carreira ou, dizendo de uma maneira favorável, recolocá-la nos trilhos dos quais jamais deveria ter se desviado, qual seja concorrer à Assembleia, a deputado federal, talvez novamente a prefeito de Aparecida e só aí, se acumular alguma musculatura, se lançar a governador ou a senador.

O experimentado jornalista Helton Lenine, que conhece Mendanha a fundo, desde os primórdios dos seus primeiros mandatos como vereador aparecidense, costuma dizer que é capaz de listar 100 erros que o ex-prefeito cometeu na tentativa de se viabilizar como postulante ao Palácio das Esmeraldas. Seria muito? Talvez. Mas não foram poucos e podem ser contados às dezenas, combinando doses cavalares de arrogância (depois da reeleição passou a dizer que havia se transformado em um “mito”) com falta de capacidade para articular e até com um toque de fanatismo religioso (quesito que é altamente prejudicial em um campo que exige decisões racionais como a política) ao se acreditar escolhido por Deus para governar Goiás (e garantindo que ele e a mulher ouviram isso do Próprio).

O Mendanha, portanto, só tem uma saída para o empreendimento muito acima das suas forças e do seu preparo em que se meteu: vencer. Se não for possível, será remetido para as calendas da história estadual. Enquanto isso, seu companheiro de agruras eleitorais, Major Vitor Hugo, conta com chances concretas para sobreviver ao cataclisma das urnas no dia 2 de outubro. Curiosamente, sendo catapultado para a política nacional: com o presidente Jair Bolsonaro ganhando ou perdendo, ele emergirá como um dos líderes da vanguarda do “capitão do povo”, um possível ministro em caso de vitória, ou um interlocutor e cão de guarda de destaque se o desfecho for uma derrota. De qualquer forma, desaparecerá de Goiás, com hipótese de retorno em 2026 para tentar um novo mandato proporcional. Das eleições majoritárias, estará excluído para sempre.