Informações, análises e comentários do jornalista
José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

11 ago

Agendas de Vitor Hugo e Mendanha prestam-se a campanhas para vereador e passam longe das exigências de visibilidade para quem disputa um cargo como o de governador

Se o ex-prefeito Gustavo Mendanha e o deputado federal Major Vitor Hugo estivessem na corrida por um mandato de vereador em uma cidade de porte médio, no máximo, as agendas que desenvolvem no dia a dia das suas campanhas seriam perfeitas. Eles vão a feiras-livres, visitam padres e pastores, reúnem-se com minigrupos de empresários, passam por obras assistenciais (Mendanha, em uma delas, no bairro Alexandrina, em Anápolis, chegou a discursar para um grupo de crianças) e fazem caminhadas pelas calçadas em que cumprimentam eleitores atônitos com aquelas figuras desconhecidas que agarram suas mãos às vezes com puxões para abraços demagógicos para o registro das câmeras de celulares dos seus assessores.

Para chegar ao governo do Estado, nada disso acrescenta. É perda de tempo, pela falta de multiplicadores, ou seja, a ausência de acesso a formadores de opinião e a lideranças, como os prefeitos, que seguirão na divulgação dos seus nomes, depois que vão embora. Mendanha e Vitor Hugo têm uma deficiência em comum: não sabem fazer campanha, o primeiro egresso de um município onde foi impulsionado pela força arrebatadora do prefeito que o escolheu como sucessor, Maguito Vilela, enquanto o segundo só disputou até hoje uma eleição, para deputado federal, sendo vitorioso não graças aos seus votos, uma mixaria, mas pelo fato de que estava no mesmo partido do Delegado Waldir, na época o PSL, e acabou pegando uma garupa para a Câmara Federal.

Não dá para enxergar, nem em um nem em outro, altura para morar no Palácio das Esmeraldas. O eleitorado goiano, em sua sabedoria coletiva, capta com precisão essa realidade, tanto que, em 40 anos de pleitos desde a redemocratização de 1982, nunca escolheu um governador sem representatividade social, sem qualificação política e sem preparo pessoal. É assim que foram consagrados notáveis como Iris Rezende, Henrique Santillo, Maguito Vilela e Marconi Perillo. Sim, houve o desvio de 2006, quando Alcides Rodrigues ganhou, porém, naquele instante, ele não era Alcides Rodrigues e, sim, o poste de um Marconi no auge. Imaginem, leitoras e leitores, Mendanha e Vitor Hugo nessa galeria? Seria a negação de tudo de positivo que a história de Goiás construiu nesse período, um retrocesso monumental.

A oposição nunca foi tão fraca como a atual. Não conseguiu gerar nenhum líder, nenhum nome dotado de uma conexão maior com a sociedade, capaz de introduzir no processo eleitoral um significado em termos de bandeiras e propostas. Mendanha e Vitor Hugo são distorções que infelizmente apequenam o Estado. Falta tamanho aos dois. Não têm aonde ir e a quem falar. Como já escrevi aqui, são pigmeus face ao gigante que é Ronaldo Caiado.