Oposição em Goiás está completamente sem recursos (dinheiro, tempo de televisão, apoios de peso e redes sociais) e só conseguirá pela inércia algum resultado razoável nas urnas
Em princípio, diante da consolidação do cenário para o próximo pleito em Goiás, a oposição dividirá entre seus candidatos o tradicional terço do eleitorado que historicamente cabe à turma do contra e nada mais, ou seja, não existe campanha possível nem recursos para se chegar a qualquer resultado além do produzido, digamos, pela inércia que é natural das urnas no Estado. Se chegar.
Fora isso, não há perspectivas: nem Wolmir Amado (PT) nem Vitor Hugo (PL) nem Gustavo Mendanha (Patriota) reúnem expectativas para um bom desempenho. Wolmir, ao menos, tem um tempo maior de propaganda gratuita no rádio e televisão e, teoricamente, a hipótese de receber algum recurso encaminhado pelo diretório nacional – o que parece difícil em razão do sorvedouro de dinheiro que é o projeto presidencial da legenda, mesmo desafio que o PL do presidente Jair Bolsonaro enfrenta e que, por tabela, atinge Vitor Hugo (Mendanha não ganhará a não ser migalhas nem do Patriota nem do Republicanos). Wolmir, um homem de muitas virtudes pessoais e acadêmicas, não tem os requisitos políticos mínimos para uma candidatura capaz de deslanchar. O seu partido, idem, pelo menos em Goiás, terra onde o PT nunca passou perto de vencer uma eleição majoritária estadual e se sai sempre sofrivelmente na proporcional.
Os dois que restam – Vitor Hugo e Mendanha – estão completamente desarmados para o duelo eleitoral que está se iniciando. Ambos carecem de agenda, ou seja, não têm aonde ir. Na Romaria do Muquém, o ex-prefeito de Aparecida e seu candidato João Campos caminharam incógnitos pelas ruas, acompanhados só por seguranças, sem receber a menor atenção(vejam a foto acima, leitoras e leitores, é de sentir pena). Vitor Hugo assistiu à missa primacial como um fiel anônimo, enquanto o governador Ronaldo Caiado era agraciado com todas as atenções. Os oposicionistas chegaram e saíram silenciosa e reservadamente, sob um constrangimento que Mendanha não conseguiu em esconder.
Fora o proselitismo presencial a que os representantes do PL e do nanico Patriota se humilharão visitando feiras-livres e calçadas, além de bancar os penetras em eventos festivos, não há e não haverá o que fazer. Comícios? Nem pensar. Suas redes sociais são limitadas, de baixo alcance perante os 4,8 milhões de goianas e goianos inscritos para votar. No horário gratuito, cada um ficará abaixo dos 60 segundos nos blocos do almoço e do jantar, com uma ou duas inserções durante a programação diária, o que serve talvez a pretendentes a deputado estadual ou federal, porém nunca para um aspirante a inquilino do Palácio das Esmeraldas. Não há como, em tão pouco prazo, exibir um programa com o conteúdo básico: apresentação, propostas, críticas aos adversários, defesa caso haja ataques a responder e ainda tocar um pedacinho do jingle.
Os três principais nomes da oposição, portanto, Wolmir por razões de certa forma diferentes das de Vitor Hugo e Mendanha, estão condenados a amargar limites estreitos demais para as necessidades das suas campanhas. Politicamente falando, não são candidatos, são suicidas.