Aposta tardia de Vitor Hugo e Wilder em Bolsonaro está condenada ao fracasso, não só, porém a um dos maiores fiascos eleitorais da história de Goiás
Na última quinta-feira, 18, na sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro deu um recado supostamente a favor dos seus postulantes a governador, Vitor Hugo, e a senador, Wilder Morais. Não poderia ter sido mais pífio: Bolsonaro exibiu cartazes dos dois candidatos, em meio a uma enxurrada de citações a candidatos bolsonaristas pelo Brasil afora, e pronunciou uma única e desanimada frase: “Aqui em Goiás, temos o Vitor Hugo, major do Exército, candidato ao governo do Estado, e também o Wilder Morais, candidato ao Senado. Boa sorte ao Major Vitor Hugo e boa sorte ao Wilder Morais”.
“Boa sorte”? É isso que Bolsonaro tem a dizer sobre os seus dois representantes oficiais na eleição deste ano no Estado? Nem uma palavrinha sobre virtudes e qualidades? Vamos admitir que, com a finalização da campanha nas próximas seis semanas, o “capitão do povo” possa até melhorar o seu aval e se mostrar mais contundente na recomendação de Vitor Hugo e Wilder. Deve acontecer, vídeos vão aparecer, mas… não vai adiantar grande coisa.
Se tem um cartucho eleitoral que não funciona em Goiás é a interferência de gente de fora. De cara, isso atinge como um metafórico tiro na testa o Major Vitor Hugo. Ele é um paraquedista na política estadual. Não é daqui. Fala com sotaque carioca, arrastando no xis. Nunca morou no território goiano, mesmo com a sua mulher, uma juíza estadual, exercendo a função em comarcas aqui e ali, principalmente no Entorno do Distrito Federal (considerada dura, em uma das suas sentenças condenou o prefeito de Bom Jesus, Cleudes Baré, à perda do mandato; Baré, hoje, é coordenador de campanha de Gustavo Mendanha). O que importa é que recomendações de lideranças nacionais, como Lula na época presidente prescreveu Iris Rezende em 2010, não funcionam como motivação para as eleitoras e os eleitores de Goiás. É interferência indevida.
A aposta em Bolsonaro é muito pouco para justificar a eleição de um governador e de um senador. Em 2018, essa ligação explodiu como uma novidade que consagrou deputados e senadores em quase todos os Estados e até governadores. Agora, não. O presidente é o segundo nas pesquisas, enfrenta uma rejeição monstruosa e é deplorado entre as mulheres, os jovens e a população de baixa renda – maioria que prefere Lula e dá a ele uma liderança confortável nas pesquisas, conforme o Datafolha desta semana, com possibilidade de vencer no 1º turno. Nem em Goiás, um Estado conservador, Bolsonaro sai na frente. Está empatado com o adversário petista e precisa de mais socorro do que pode dar a Vitor Hugo e Wilder.
O prognóstico para um e outro é o de um desempenho abaixo da crítica nas urnas. Mais certo ainda em razão do discurso inconvincente que desfiam, centrado na subordinação do Estado aos interesses ideológicos do presidente e não o contrário – uma distorção da obediência ao interesse público geral que é o escopo de todo e qualquer político e candidato majoritário. Vitor Hugo e Wilder podem, se quiserem, dar a vida por Bolsonaro, mas as goianas e os goianos, jamais. Não tem sentido.