Nenhum candidato a governador conseguiu formular até agora uma proposta melhor que a de Caiado: continuidade. Quem é que quer arriscar uma mudança com Vitor Hugo, Mendanha ou Wolmir?
Eleição, amigas e amigos, é um processo de decisão sobre o futuro baseado em símbolos resumidos para ganhar a cabeça do eleitorado. Em 1998, Marconi Perillo enfrentou Iris Rezende em uma disputa perdida por antecipação, mas com uma reviravolta na reta final graças a um slogan emblemático – Tempo Novo. Marconi, com 34 anos, complementava essas duas palavras mágicas com uma cara de jovem destemido e ousado. Sem nunca ter administrado sequer um carrinho de pipoca, como se diz, derrotou um dos mais experientes gestores do país, na época dono de um invejável saldo de realizações como prefeito e governador, a ponto de ser considerado como o responsável por toda infraestrutura do Estado até aquele momento.
Eleições são assim. Não adianta falatório, amontoados de propostas ou ataques pesados – esses, a propósito, costumam se virar contra quem os faz. O candidato precisa ter um significado embutido no seu nome. Sem isso, nada feito. Não à toa, ao contrário de 2022, todas as disputas anteriores pelo Palácio das Esmeraldas, desde a redemocratização em 1982, tiveram concorrentes representando correntes políticas e sociais amplamente enraizadas na sociedade. Dá até para acreditar: em qualquer um desses pleitos, a vitória dos segundos colocados teria mantido o Estado nos eixos da sua evolução desenvolvimentista, sem prejuízos. E com um detalhe: todos os vencedores – em especial Iris Rezende, Henrique Santillo, Maguito Vilela e Marconi Perillo – compartilhavam uma formação ideológica de centro-esquerda, com exceção de Alcides Rodrigues, um direitista que não teve tempo para dar fôlego para as suas convicções. Dirão alguns: Caiado também não pode ser identificado como uma liderança de centro-esquerda. Não, óbvio. Mas vejam só a volta que o destino deu: nenhum dos seus antecessores fez um governo tão posicionado à centro-esquerda com o atual governador, bastando conferir as prioridades para os programas sociais, a defesa do meio ambiente, a promoção da paz social e o pesado investimento na Saúde e na Educação. Imaginem o que Mendanha e Vitor Hugo, trogloditas do extremismo bolsonarista, fariam com essas conquistas?
Quem reclama de Caiado, hoje, é o grande empresariado estadual, um dos mais atrasados do país, comprometido com a luta insana para não pagar impostos, insensível diante do drama dos segmentos vulneráveis da população e apoiador do pior e mais desumano do bolsonarismo. Só que essa turma não tem votos. Com a chancela da maioria das goianas e dos goianos para a sua gestão, repita-se, de centro-esquerda, o governador marcou entre 47 e 48% nas pesquisas do Serpes e do Ipec, as de maiores e mais incontestável credibilidade. O Estado entrou nos trilhos da responsabilidade fiscal, da ausência de corrupção e da racionalidade na prestação dos serviços públicos sob sua responsabilidade. Para convencer uma eleitora ou um eleitor a desistir desse rumo seria necessário muito, mas muito, muito mais que um Vitor Hugo, um Gustavo Mendanha ou um Wolmir Amado (com todo respeito por esse último, bem melhor e acima dos seus colegas de oposição).
Finalizando: Goiás vive a eleição da continuidade. Geralmente considerada um atributo negativo, a manutenção do status quo administrativo estadual assumiu ares de virtude e deve ser o fator fundamental para a decisão de voto em 2 de outubro. Fora Caiado, restaria a apequenada aventura encarnada em Mendanha e Vitor Hugo, incapazes do básico, que seria a montagem de uma base de sustentação política e social além da estreiteza do oportunismo e da miudeza de cada um. Onde iríamos parar elegendo um governador sem as indispensáveis conexões com a realidade goiana? Wolmir Amado não pode ser alinhado a eles: é um homem sério, um mestre da academia, com todos os predicados pessoais, exceto o de estar à altura da complexidade requerida para governar um Estado, sem absolutamente qualquer desmerecimento.