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José Luiz Bittencourt sobre política, cultura e economia

16 set

Critério para avaliar a qualidade dos programas eleitorais é o retorno e, portanto, os de Caiado foram os únicos que funcionaram ao permitir a ele um crescimento de 16 pontos nas pesquisas

Todos os candidatos a governador de Goiás, com exceção do governador Ronaldo Caiado, fracassaram com seus programas no horário gratuito no rádio e principalmente na televisão. O de Caiado deu certo pelo único critério possível para essa avaliação: o retorno. Desde que começou a propaganda eleitoral, o governador cresceu mais de 16 pontos nas pesquisas do instituto Serpes, no final das contas as únicas verdadeiramente sérias e de credibilidade absoluta no Estado.

Esses 16 pontos e qualquer coisa correspondem a 600 mil votos, mais ou menos. É um resultado simplesmente espetacular. Somados aos 1,8 milhões de sufrágios que Caiado já ostentava, podem dar a ele uma reeleição com números recordes, mesmo proporcionalmente falando: 2, 4 milhões de votos, talvez mais, talvez menos. Enquanto isso, Gustavo “Oi, gente” Mendanha não saiu do lugar, até com alguma redução a partir do início do palanque eletrônico; Major Vitor Hugo cresceu ridículos 1,3 pontos, apesar de exibir diariamente o presidente Jair Bolsonaro recomendando o seu nome; e Wolmir Amado se consolidou como o postulante ao governo do Estado que vai levar o PT ao seu pior desempenho em toda a história as urnas em Goiás.

A única desculpa a favor de Mendanha e Vitor Hugo são os seus escassos segundos no horário gratuito. Nenhum chega sequer a um minuto. Isso é insuficiente para atender aos princípios básicos do marketing político audiovisual, ou seja, se apresentar, formular propostas, criticar os antagonistas, defender-se de eventuais críticas e ataques e, finalmente, tentar criar um clima emocional favorável tocando um jingle. Para isso, seria necessário pelo menos algo acima de dois minutos. Não é o caso dos dois, nem somados. Mas é o de Wolmir Amado, com a dádiva do segundo maior tempo no rádio e na TV. O problema, aqui, é a ruindade do candidato, mesmo quando tenta compensar a frouxidão dando marteladas nos adversários – soando nesses momentos totalmente forçado e teatral e despertando antipatia. Toda essa suposta vantagem vai para o ralo.

Correu tudo bem para Caiado porque o formidável desequilíbrio entre a sua estatura e a dos demais concorrentes se refletiu na distribuição do horário eleitoral. Com mais de cinco minutos para os seus programas e uma enxurrada de inserções de 0,30 segundos durante a grade diária, dá para obedecer à receita tradicional da publicidade política e ainda ir adiante. Além disso, as peças da campanha da reeleição são bem-feitas, profissionais e envolvem a aparição de muita gente do povo. É positivo e dá conteúdo popular a um candidato que – até os oponentes concordam – tem muito para mostrar. Não à toa, saltou nas pesquisas com o início do horário gratuito, agora acabando, com apenas cinco edições até as vésperas do pleito.