O erro do PSD ao trocar a Casa Civil pela Codego e Vilmar Rocha por Francisco Jr.
Em uma ação pouco construtiva e em alguns momentos até mesmo constrangedora, o PSD estadual saiu das eleições de 2022 com um candidato a senador derrotado e apenas dois deputados federais e um federal na sua bancada parlamentar, mas se empenhou em cobrar cargos no secretariado do governador Ronaldo Caiado – em especial para Francisco Jr., um dos azarados na disputa passada por uma das 17 vagas de Goiás Câmara.
Luminares do partido, como o presidente Vilmar Rocha (o candidato malsucedido ao Senado), gastaram semanas e semanas jogando indiretas, na tentativa de forçar um convite para a equipe de governo. Pressionaram tanto que Caiado acabou cedendo. Não tinha obrigação, do ponto de vista ético e moral, linha de conduta rara na política, mas apregoada pelo próprio Vilmar e compartilhada pelo governador. Em princípio, quando se dá apoio a alguém em um pleito isso deveria ser por concordância com propostas e ideias, não para depois, em caso de vitória, se arvorar no direito de apresentar a fatura.
Mas o PSD insistiu. Caiado fez o lógico: para aproveitar o quadro mais preparado e calejado da legenda, chamou Vilmar Rocha para a Secretaria da Casa Civil. Algo, sem dúvida nenhuma, produtivo para a gestão. Não deu certo, contudo: Vilmar preferiu abrir mão, sugerindo, em seu lugar, o nome de Francisco Jr. para o lugar. Já foi estranho, porque expertise sobre assuntos jurídicos, exigência número um da Casa Civil, não é a praia do ex-deputado. O pior foi a justificativa: sem mandato, Francisco Jr. estava à deriva e precisava de uma colocação. Um emprego, para usar sem meias palavras o substantivo apropriado para a situação.
Ato contínuo, a ginga pessedista não acabou. Ah, responderam a Caiado, a Casa Civil é uma pasta esvaziada e seria conveniente para a sigla receber uma missão executiva. Ou seja: uma posição com verbas e cargos. Mais paciente do que nunca, Caiado condescendeu. Trocou a Casa Civil pela Codego, uma empresa pública cujas finalidades são pouco conhecidas e, nos tempos de Marconi Perillo, foco de corrupção grossa. Resolvido o imbróglio, Francisco Jr. vai para a Codego e Vilmar Rocha, despido da presidência do PSD em favor do senador Vanderlan Cardoso, volta para casa.
Resumo da ópera: além do vaivém fisiológico, que deixou o PSD mal na fita, renunciar à Casa Civil parece péssimo negócio. Sim, a secretaria está esvaziada, no momento. Mas um titular de personalidade como Vilmar Rocha a transformaria rapidamente em protagonista crucial do governo Caiado 2 – e com brilho, ao contrário do que tende a ser politicamente a passagem de Francisco Jr. pela Codego. É o secretário que faz uma secretaria e não o contrário. A Casa Civil estaria assim à altura das pretensões do PSD e do peso indiscutível do seu presidente (por ora) Vilmar Rocha. Barganhar por um órgão insignificante tem pinta de equívoco monumental destinado a custar caro para o partido.