Manga, abacaxi e maracujá: a chance que Caiado vai dar para Mendanha pegar ou largar
Um dos filés do segundo mandato do governador Ronaldo Caiado é o Projeto de Fruticultura Irrigada do Vale do Paranã, no Nordeste goiano, com o objetivo de produzir 4,2 mil toneladas de manga, abacaxi e maracujá para suprir o país inteiro. Não é coisa pequena. Tanto que, ao responder um questionamento do presidente Lula sobre quais ações interessaria a Goiás ter o apoio do governo federal, Caiado apontou três: a construção do hospital do Câncer (o CORA), o BRT até Luziânia e… a implantação do cinturão de fruticultura no Vale do Paranã.
Isso dá a medida da importância atribuída pelo governador ao projeto. Que, a propósito, já começou, com a distribuição de kits agrícolas aos primeiros 150 pequenos agricultores selecionados para plantar frutas em Formosa, Flores e São João D’Aliança. É para chamar atenção e se constituir em um dos pontos fortes da gestão Caiado 2. Não vai faltar dinheiro. E, a partir de agora, despontando como oportunidade prestes a cair nas mãos do ex-prefeito Gustavo Mendanha, o adversário fragorosamente derrotado pela base governista em 2022.
A chance, para Mendanha, é de ouro. Vejam bem, leitoras e leitores: o aparecidense continua politicamente tão embananado quando estava antes de se lançar ao Palácio das Esmeraldas. Segue isolado, sem alianças de peso, sem sequer um partido de respeito (continua filiado ao nanico Patriota, em fase de fusão com o PTB, mas, ainda assim, inexpressivo), sem um salário mensal para a sobrevivência e sem perspectivas de futuro, pois não pode se candidatar a nada em 2024 (sonha com uma liberação da Justiça Eleitoral para disputar a prefeitura de Goiânia, que não vai acontecer). Na prática, está imprensado contra a parede. Não tem para onde ir. Seu fôlego, para sobreviver na planície, é curto.
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Caiado externou a interlocutores e ao próprio Mendanha a intenção de vê-lo no comando do Vale do Paranã. É uma jogada inteligente. Oferece ao ex-prefeito uma oportunidade valiosíssima para mostrar serviço e afirmar a sua decantada capacidade administrativa, até agora limitada a Aparecida. E de quebra neutraliza um foco de oposição para a candidatura do vice Daniel Vilela em 2026. Adicionalmente, se aceitar, Mendanha recoloca sua carreira nos trilhos abandonados para se meter na aventura de concorrer ao governo sem contar com as condições e a estrutura mínimas exigidas para um voo reservado a águias e não a corujas.
O projeto de fruticultura difere de uma secretaria convencional, como a da Indústria & Comércio, que provavelmente o ex-prefeito esperava ganhar. É absolutamente inovador, pode trazer projeção nacional e garante a Mendanha a possibilidade de estadualizar o nome, carência que foi decisiva na construção do desastre em que terminou a sua candidatura no ano passado. Seus pouco mais de 800 mil votos saíram em sua maioria da região metropolitana, onde é conhecido, porém ignorado no resto dos municípios. Repetindo: é pegar ou largar. Sair da margem e buscar se inserir no veio hoje principal da política goiana.